A REPRESENTAÇÃO DE CLEÓPATRA E DO EGITO EM VIDA DE ANTÔNIO, DE PLUTARCO
Plutarco, Vidas Paralelas, Cleópatra, Egito, Império Romano.
Esta dissertação tem por objetivo analisar as representações de Cleópatra e do Egito forjadas por Plutarco na obra Vida de Antônio. Ao biografar a vida do general romano, Plutarco acaba por imprimir sua visão a respeito da rainha do Egito e de seu povo. Ao falar de um lugar ideologicamente marcado, sob o ponto de vista de um cidadão de uma pólis grega (Queroneia) que viveu sob o domínio romano, Plutarco configura fatos, dados, enfim, a própria história, com uma escrita de cunho biográfico, documental e histórico e, ao mesmo tempo, estrategicamente, dramática, teatral, emocionada e moralizante. O filósofo cria, em sua narrativa, uma visão do Oriente, figurada na imagem de Cleópatra e do Egito. As principais categorias analíticas utilizadas na consecução desta dissertação são, prioritariamente, imperialismo, orientalismo, romanização e identidade. Nesse sentido, os principais teóricos que contribuem para a pesquisa são Guarinello (1994; 2006a; 2006b; 2008; 2009; 2010), Hingley (1989: 1991; 1993; 1995a; 1995b; 1996; 1997; 2000; 2001; 2002; 2003; 2005; 2008; 2010; 2011; 2014; 2017), Mattingly (1996; 1997; 2004; 2006; 2010a; 2010b; 2010c), Revell (1999; 2000; 2009a; 2009b; 2009c; 2016), Said, (1995; 2007), Woolf (1990; 1994; 1997; 1998a; 1998b; 1998c; 2001; 2003). Esse instrumental teórico oferece as bases epistemológicas necessárias para fundamentar os procedimentos analíticos e permite desenvolver pontos de vista sobre o corpus escolhido. A metodologia utilizada na análise baseia-se na forma tradicional do trabalho do historiador, qual seja, a das críticas internas e externas das fontes, aliada à análise de conteúdo. Esta pesquisa pretende mostrar que Plutarco, ao compor a imagem identitária de Cleópatra e a representação do Egito, o faz sob uma perspectiva orientalista, a partir de dicotomias opositivas estereotipadas e sustentadas por ideologias moralistas, moralizantes e imperialistas, tentando subjugá-los em prol de uma suposta superioridade greco-romana. Com isso, o texto de Plutarco e a história de Cleópatra são repensados, dando às discussões um enfoque mais periférico e propondo uma abordagem que considere as trocas culturais em detrimento de uma hierarquização cultural.