A CAMINHO DO PLANETÁRIO: UMA HISTÓRIA DE PAISAGENS SONORAS, POÉTICAS E EXISTENCIAIS DAS PSICODELIAS NORDESTINAS (RECIFE 1972- 1976)
Palavras-Chave: Nordeste; Contracultura; Psicodelias; Música; Brasil; Cosmos.
Este trabalho se ocupa em pesquisar a relação entre história, música e a invenção de espaços de experimentação coletivos. Seu objetivo principal é compreender as condições históricas de possibilidade das paisagens sonoras, poéticas e existenciais cartografadas pelas psicodelias nordestinas que foram expressas musicalmente entre 1972 e 1976 na cidade de Recife. O ponto de partida é a movimentação musical e existencial ligada à contracultura que emergiu na década de 70 na capital pernambucana. Através desse momento iremos compreender certos deslocamentos que se deram no período e que estão presentes na discografia de jovens compositores que lançavam seus primeiros discos à época, como Zé Ramalho, Lula Côrtes, Alceu Valença, Marconi Notaro, Flaviola e a banda Ave Sangria. A dissertação se divide em três capítulos: o primeiro deles propõe uma espécie de cartografia de experiências contraculturais na cidade de Recife. Aqui o objetivo será compreender - a partir destas movimentações musicais – os territórios existenciais e as estratégias de vida que ganharam corpo neste momento, no país, marcado pela repressão política com a ditadura civil e militar. O segundo capítulo consiste numa análise que parte da experiência coletiva que envolveu a produção do álbum Paêbiru: Caminho da Montanha do Sol - lançado por Lula Côrtes e Zé Ramalho em 1975 – para entender certos tensionamentos espaço-temporais que ganharam consistência na década de 70 através dos eventos da Era Espacial e de que maneira essas transformações reverberam na desterritorialização do Nordeste. Por fim, o capítulo final, procura traçar um histórico sobre a construção de um arquivo sonoro nordestino ao longo do século XX e como a discografia destes jovens músicos da década de 70 remanejam, atualizam e transgridem os comandos vindos desse arquivo, inventando paisagens sonoras, poéticas e existenciais em suas obras que expressam uma ruptura, uma fissura, uma quebra no regime de audibilidade que definia certas fronteiras para a música do Nordeste até o período em questão.