O COMPLEXO DE CULTO REAL DE RAMESSÉS III: ESPAÇO E MEMÓRIA NA XX DINASTIA DO ANTIGO EGITO
Ramessés III; Medinet Habu; Novo Império; memória cultural.
Ramessés III (1187 – 1157 a.C.), segundo faraó da XX dinastia egípcia, reinou durante a passagem da Idade do Bronze para a Idade do Ferro, no contexto de um delicado clima político e social, com tentativas de invasão por estrangeiros, greves de trabalhadores e uma tentativa de regicídio em meio a um golpe de estado. Apesar das adversidades, este faraó foi o responsável pela construção de um suntuoso complexo de culto real, em Medinet Habu, a última grande estrutura monumental erigida no Novo Império. Neste espaço sagrado, um dos exemplos mais bem conservados da estrutura axial templária da época, reúne-se grande parte da herança cultural egípcia do período, seus padrões artísticos, arquitetônicos, escultóricos, seus mitos, anseios e rituais, suas crenças no pós-vida e na função do faraó, principal mediador entre as esferas divina e humana. Neste sentido, com base no conceito de memória cultural, este trabalho tem por objetivo realizar uma análise do templo memorial de Ramessés III, por meio de suas iconografias e de suas inscrições, buscando demonstrar como este pode ter sido utilizado para perpetuar uma memória de longa duração da sociedade egípcia e de seus valores, ressaltando os diversos tipos de recursos e estratégias que foram adotados neste espaço para a consolidação deste projeto rememorativo e da autoimagem de Ramessés III à época.