Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do Natal (1900-1930).
Amélia Duarte Machado – Viúva Machado – Mulheres – Cidade do Natal
A pesquisa em questão analisa as representações elaboradas sobre Amélia Duarte Machado, imagens que foram construídas em um determinado espaço: a Cidade do Natal. Amélia, uma mossoroense de vida simples, passou a ter uma vida luxuosa ao casar com o rico comerciante português Manoel Machado, em 1904. Ela levou uma vida de dama da sociedade, residia em uma residência suntuosa, viajou para a Europa, frequentava o Teatro da cidade e cuidava da imagem social de seu esposo, abrindo as portas da sua casa para a promoção de jantares e recepções. Vivenciou as transformações ocorridas em Natal nas primeiras três décadas do século XX, quando por iniciativa de uma elite política e intelectual a cidade passou a incorporar valores burgueses e a dotar de uma estrutura técnica voltada para os melhoramentos trazidos pela Revolução Industrial. Em 1934, com a morte do marido, assumiu os negócios da família. Além de viúva, tornou-se também uma mulher empreendedora, sem filhos. A viúva Amélia Machado também passou a ser alvo de suspeitas da população, boatos sobre sua vida. A partir daí emerge uma figura amedrontadora em Natal, um ser que capturava e comia o fígado de crianças, opapa-figo da Cidade do Natal, a Viúva Machado. Na presente pesquisa, iremos relacionar as diferentes imagens que circularam sobre essa mulher, que foi dama da sociedade, viúva arrojada e papa-figo, articulando essas representações com o discurso sobre o feminino que circulava na Natal de 1900 a 1930. Ainda levantaremos hipóteses sobre a criação da Lenda da Viúva Machado.