As chaves para o Mundo do Quinto Império
Antônio Vieira, mundo, Quinto Império, Companhia de Jesus.
Tendo vivido grande parte do século XVII, Antônio Vieira (1608-1697) é considerado um importante personagem para a história luso-brasileira. Não é por menos que o padre é reconhecido dessa forma, pois foram inúmeros os tramas históricos em que o polêmico jesuíta esteve envolvido. Em um dos mais importantes, a restauração portuguesa de 1640, Vieira mergulhou em um intenso processo de reestruturação política, atuando como diplomata, confessor e pregador oficial de D. João IV. Nesse mesmo contexto, o jesuíta iniciou a escrita dos primeiros volumes de seu grande projeto profético, a “Clavis Prophetarum”, entre os anos de 1646 e 1667. Em linhas gerais, as suas profecias anunciavam o surgimento do “Quinto Império”, unidade político-teológica que alavancaria o processo de difusão do Cristianismo por todo o planeta, reconhecendo Portugal como vanguarda e centro de todo o movimento milenarista. Partindo do esforço em compreender como o seu discurso esteve atrelado às demandas históricas, sendo elas de cunho político e religioso, o intuito de nosso trabalho é investigar as representações de mundo vieiriana, sabendo que por essa espacialidade se desdobram duas metáforas espaciais: “Teatro do Mundo” e o corpo enquanto “Mundo”. Acreditamos que a partir delas podemos ter uma noção mais amplas dos efeitos que os seus textos proféticos almejavam incidir na sociedade portuguesa seiscentista. Assim, defendemos a hipótese que Antônio Vieira ao espacializar o “Mundo” em metáforas, teve por objetivo empenhar sua palavra em ações, transformar discurso em realidade.
.