Prevalências e fatores associados à ideação suicida, estados depressivos e satisfação no trabalho entre profissionais de enfermagem da assistência hospitalar em urgência e emergência em hospitais do Rio Grande do Norte.
Enfermagem psiquiátrica; Serviço hospitalar de emergência; Saúde do Trabalhador; Ideação Suicida; Depressão.
Introdução: Entre as precárias condições de trabalho, muitos profissionais de enfermagem que atuam na rede hospitalar de urgência e emergência estão submetidos a altos níveis de estresse, colocando em risco a saúde física e mental. Objetivo: Analisar a prevalência e os fatores associados à ideação suicida, predisposição à depressão e satisfação no trabalho com variáveis sociodemográficas, ocupacionais e fatores de riscos para suicídio entre profissionais de enfermagem dos setores de urgência e emergência (UE) de hospitais regionais do Rio Grande do Norte. Método: Estudo transversal que envolveu amostra por conveniência de 56 enfermeiros e 91 técnicos de enfermagem (n=147) dos Hospitais Públicos da Rede de Atenção às Urgências e Emergências das II, IV e VII URSAP/RN. A coleta de dados ocorreu no período de janeiro a novembro de 2017, utilizando-se quatro instrumentos: Formulário de Caracterização sociodemográfica, ocupacional e fatores de risco para suicídio, Inventário de Depressão de Beck, Escala de Ideação Suicida de Beck, Escala de Satisfação no Trabalho de Martins. Os dados obtidos foram inseridos em planilha do Microsoft Excel® v.2016 e conferidos por dupla entrada. Realizou-se a análise descritiva (frequências absoluta e relativa, medidas de tendência central e de dispersão), análise univariada (teste Qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, Razão de verossimilhança, teste t-Student, teste U Mann-Whitney ou Kruskal Walliss a depender da presença de normalidade das variáveis) e análise multivariada (calculou-se a razão de prevalência e os intervalos de confiança -IC95%, por meio da regressão de Poisson com variância robusta). Utilizou-se os softwares SPSS v.20 e o Pacote R v.2.7.1. O nível de significância utilizado foi de 5%. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo CEP/UFRN sob Parecer nº 1.877.910 de 21 de dezembro de 2016 e CAAE: 62824216.6.0000.5537. Resultados: Identificou-se Ideação Suicida (IS) em 4,8% (n=7) dos participantes, e estados depressivos - mínimo: 86,4% (n=124), leve: 12,2% (=18), moderado: 1,4% (n=2). Média geral de satisfação no trabalho: 85,7% (n=126) indiferente, 10,9% (n=16) satisfeito, 2% (n=3) insatisfeito e 14% (n=2) muito insatisfeito. Houve relação estatisticamente significativa entre: IS e as variáveis orientação sexual (p=0,006), baixa autoestima (p-valor=0,010) e estados depressivos (p=0,012). Estados depressivos e último treinamento sobre situações de urgência (p=0,041), avaliação da relação familiar (p=0,012), auto relato de baixa autoestima (p=<0,0001) e desesperança (p=0,001); Média geral de satisfação no trabalho com média de tempo de serviço na área de UE (p=0,016), morar com a família (p=0,015) e possuir familiar que tentou suicídio (p=0,024). Os modelos ajustados evidenciaram que heterossexuais tiveram 0,60 menos chances de desenvolver IS quando comparados com homossexuais (IC95%-0,44-0,83). Os que possuíam baixa autoestima tiveram 1,17 maiores chances de desenvolver IS (IC95%-1,02-1,34). Os indivíduos com relação familiar ruim (IC95%-3,87-12,30) e baixa autoestima (IC95%-2,07-10,57) tiveram maiores chances de apresentarem estado depressivo leve/moderado, 1,35 e 4,76 respectivamente. Conclusão: Evidencia-se que os profissionais de enfermagem deste estudo apresentaram processos de adoecimento mental no contexto do serviço hospitalar de urgência e emergência. Especificamente, a ideação suicida e estados depressivos estiveram associados a fatores pessoais e coletivos do ambiente de trabalho. Sugere-se o desenvolvimento de estudos de cunho analíticos que possam avaliar principalmente as questões de autoestima e apoio social, para o alcance de novas evidências.