SOBRE O CONCEITO DE PSEUDOCONCRETICIDADEEM KAREL KOSIK
Karel Kosik. Praxis utilitária. Pseudoconcreticidade. Destruição.
Para o filósofo tcheco Karel Kosik (1926-2003), o mundo contemporâneo é o mundo da pseudoconcreticidade, lugar onde vigora um "claro-escuro de verdade e engano". Nesse mundo, a praxis, enquanto atividade transformadora da natureza e criadora do mundo humano-social, foi convertida em mera atividade abstrata, calculadora, técnica, e desvinculada do trabalho como processo criativo. Essa ruptura assinala algo ainda mais significativo - a consciência e compreensão dos indíviduos acerca dos fenômenos, processos e relações que povoam a vida cotidiana ocorrem como representação, e não como um conhecimento conceitual, solidamente alicerçado no pensamento crítico. Partindo da investigação dialético-materialista, empreendida por Kosik, acerca das condições a partir das quais são formados tanto o modo de ser dos homens nas sociedades atuais como o seu pensamento, colimamos analisar e discorrer - à luz da principal obra daquele pensador: a Dialética do concreto (1963) - sobre o que seka esse conceito de psicoconcreticidade, procurando mostrar como ele é engendrado, como são produzidos os fenômenos pseudoconcretos e, enfim, como é possível, ou mesmo se é possível, destruir a pseudoconcreticidade.