Razão; Instinto; Socratismo; Sócrates;
O antagonismo entre razão e instinto está no cerne da crítica que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche teceu contra Sócrates. Nietzsche viu nele a autoridade por trás de um movimento inovador que foi responsável por levar os gregos de uma cultura artística, em que os instintos prevaleciam, a uma nova cultura em princípios racionais. Sócrates fundou, diz Nietzsche, dentro da cultura grega e entre os jovens atenienses, uma revolucionária forma de reflexão, na qual os princípios lógicos eram a chave de compreensão da realidade, confirmados por sua eloquente capacidade argumentativa. O Sócrates apresentado por Nietzsche é uma figura ambivalente: um personagem capaz de grandes feitos, mas que é, por sua natureza excessivamente lógica e sua declarada oposição aos instintos, uma monstruosidade per defectum, como dito em O nascimento da tragédia.