O animal simbólico: simbolismo em Ernest Cassirer e Susanne Langer.
Simbolismo – Expressão – Significado – Experiência.
Este estudo analisa os principais desenvolvimentos da teoria dos
símbolos, ou filosofia das formas simbólicas, pioneiramente expressa
na obra do filósofo alemão Ernest Cassirer e posteriormente
desenvolvida pela obra da filósofa norte americana Susanne Langer.
Refletimos sobre o caráter basilar do simbolismo na constituição
humana dos significados que permeiam as formas variadas da cultura.
Além disso, de um ponto de vista privado ou individual, consideramos o
modo como os símbolos “configuram” a apreensão da realidade em matizes
cognitivos e emocionais. A linguagem, o mito, a religião, a arte e o
conhecimento são os produtos da capacidade de simbolização, que de
modo geral constitui a cultura. A utilização de símbolos se torna um
delimitador entre a condição humana e a animal, na medida em que por
via do simbolismo os seres humanos podem adiar suas respostas aos
estímulos do ambiente, enquanto os animais reagem a eles de maneira
impulsiva. Os seres humanos possuem ideias implícitas, crenças
subjacentes, nunca questionadas, numa palavra, cosmovisões que
permeiam nosso comportamento e pensamento diante das coisas. Essas
vias conceituais funcionam como “trilhos” previamente dispostos por
onde o intelecto que compreende os fenômenos da realidade pode
mover-se e seguir direções determinadas. Mas, a realidade é complexa,
isto é, possui múltiplos aspectos e dimensões. Por isso nossa
linguagem, longe de apontar para algum substrato absolutamente
verdadeiro nos objetos, limita-se a enfatizar aspectos particulares
das coisas. A experiência humana com os objetos não pode nunca ser
reduzida a algum viés específico de simbolização, como a abstração de
fórmulas científicas; porque nunca podemos separar a percepção do
objeto das qualidades de sentimento que acompanham essa percepção.
Cada aspecto das múltiplas experiências humanas tem uma reinvindicação
à “realidade”, e cada forma de simbolização garante ao ser humano a
possibilidade de “estabilização” e “consolidação” das nossas
percepções e pensamentos, diante de um mundo em constante mutação.