Liberdade, causalidade e natureza humana em Immanuel Kant
Liberdade. Causalidade. Razão. Vontade.
A presente dissertação tem por objetivo percorrer três caminhos básicos na obra de Immanuel Kant (1724-1804): a) investigar, na Crítica da razão pura (1781/1787), o problema da conciliação entre liberdade e natureza na terceira antinomia, demonstrando como, a partir de uma solução crítica enraizada no Idealismo Transcendental (sobretudo, por meio da distinção fenômeno/coisa-em-si), pode o sistema da crítica admitir a possibilidade teórica do conceito de liberdade; b) na Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), examinar em que medida esse mesmo conceito de liberdade é considerado de um ponto de vista prático, contribuindo, assim, para o estabelecimento de uma analítica da moralidade com base na razão; c) na Crítica da razão prática (1788), reconstruir os principais argumentos que avaliam a hipótese de uma razão prática pura, cuja lei, que orienta o agir, é reputada como um fato imediatamente reconhecido pela consciência moral. De saída, a dissertação também ensaia a relação entre uma filosofia moral pura (expressa nos termos da Fundamentação e da segunda Crítica) e aquilo que seria uma segunda parte da ética, denominada por Kant de Antropologia prática (ou, simplesmente, filosofia moral aplicada), cuja tarefa seria, sobretudo, a de estudar as condições subjetivas (pertencentes à natureza humana, interpretada sensivelmente), contrárias ou favoráveis à execução das leis da razão prática. Desse modo, não seria o conceito de liberdade mera condição de possibilidade de uma determinação imediata (isto é, a priori) da vontade por meio da razão, mas, também, aquilo que permitiria a própria experiência moral, tomada em sentido concreto (esta, objeto da Antropologia).