NIETZSCHE E A CELEBRAÇÃO DA MENTIRA POÉTICA
Mentira. Arte. Linguagem. Metáfora. Aparência.
Segundo Nietzsche, a linguagem não é capaz de revelar a verdade; tudo o que ela produz são metáforas, transposições, criações antropomórficas. Para ele, o homem “conhece ao inventar e inventa ao conhecer”. Criar e relacionar metáforas faz dele o único ser capaz de inventar, produzir imagens e transformá-las em signos linguísticos. Para Nietzsche, não existe adequação entre as palavras e as coisas, já que a origem da linguagem é ilógica e arbitrária, e o que se denomina como verdade é resultado de convenções humanas que foram, ao longo do tempo, poética e retoricamente enfatizadas; então, o que existem são mentiras, arbitrariedades ou, simplesmente, invenções que por inconsciência e esquecimento do animal humano não são reconhecidas como tais. O objetivo central desta tese é compreender qual é a interpretação de Nietzsche sobre a noção de mentira e também a diferença por ele estabelecida entre dois tipos de mentira: as que degeneram a vida e as que a intensificam. As mentiras negativas, contrárias à vida, estão ligadas ao sacerdote religioso e aos filósofos dogmáticos, que não se reconhecem como inventores. Nietzsche denomina as mentiras que estão a serviço da vida como mentiras poéticas ou mentiras artísticas; estas são produzidas por aqueles que se reconhecem como criadores, sabem que todo conhecimento é uma invenção humana; eles são artistas que inventam mentiras poéticas para embelezar a vida. Como veremos, as mentiras, dependendo de quem as inventa, podem levar a vida à degeneração ou à sua integral afirmação.