EXTRATOS DE Tephrosia toxicaria (Sw.) Pers.: PROSPECÇÃO DE ATIVIDADES ANTI-Aedes, ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANA
Recursos Naturais; Extratos Botânicos; Timbó; Arboviroses; Estresse oxidativo.
A busca por novas formulações adjuvantes naturais para o manejo de doenças, vetores e patógenos mostra que os extratos vegetais ainda são promissores, principalmente considerando a grande biodiversidade brasileira, o fato de serem obtidos de fontes renováveis, sua seletividade tóxica à organismos-alvo e compatibilidade ambiental. A possibilidade de ampliar o repertório de opções de adjuvantes naturais estimulou o desenvolvimento da presente pesquisa, que teve por objetivo investigar o potencial bioativo e biossegurança de extratos aquosos e hidroetanólicos de sementes, raízes, caules e folhas de Tephrosia toxicaria (Sw.) Pers. Esta leguminosa, ocorrente na região Nordeste do Brasil, vem despertando atenção de pesquisadores ao servir como matriz para obtenção de formulações com amplo espectro de bioatividade. A presente obra foi estruturada em dois capítulos; o primeiro capítulo trata de uma revisão bibliográfica do estado da arte atual sobre a utilização de inseticidas botânicos no manejo integrado de vetores de arbovírus, com ênfase no controle de espécies dos gêneros Aedes, Culex e Anopheles. Inúmeras formulações de inseticidas botânicos e seus prováveis modos de ação para diferentes estágios dos insetos são apresentadas ao longo da revisão. O segundo capítulo da tese descreve a versatilidade dos extratos de T. toxicaria no controle de Aedes, destacando o extrato hidroetanólico de raízes (RHA) como o extrato larvicida mais promissor, demonstrando as menores concentrações letais para 50% (300 µg/mL) e 90% (840 µg/mL) das larvas de Aedes, observadas 24 h pós-exposição. Em testes de campo, RHA (840 µg/mL) comportou-se como um agente deterrente de oviposição, reduzindo a postura de ovos de Aedes em aproximadamente 90%. Além de manifestar propriedades inseticidas, RHA apresenta atividade antioxidante, principalmente no controle da homeostase de íons metálicos e restauração da atividade metabólica de células em condições de estresse oxidativo, sob baixas concentrações (100 µg/mL). Embora moléculas leishmanicidas também sejam expressas em RHA, sua solubilização foi menos acentuada, demandando uma concentração maior de extrato para inibir o crescimento de formas promastigotas de Leishmania amazonensis (IC50 = 3,53 mg/mL). As condições de extração não favoreceram a concentração de moléculas antimicrobianas contra as cepas bacterianas e fúngicas investigadas em ensaios empregando diluições seriadas de RHA (1024 – 32 μg/mL). RHA concentra carboidratos, compostos fenólicos e proteínas, com massas moleculares estimadas entre 10 e 24 kDa. Análises proteicas sugerem a expressão de inibidores de proteases e lectinas em RHA. Os efeitos bioinseticida, antioxidante e leishmanicida, associados a ausência de eventos de toxicidade contra organismos não-alvo (Lactuca sativa) e linhagens celulares (HepG2 e 3T3), sugerem T. toxicaria como um recurso natural a ser sustentavelmente explorado para obtenção de extratos com amplo uso biológico e farmacológico.