AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE FADIGA DE MULHERES NO PUERPÉRIO: UM ESTUDO DE COORTE
Qualidade de vida; Fadiga; Período pós-parto; Amamentação.
O puerpério é um período de vulnerabilidade devido às modificações emocionais e físicas que ocorrem após o parto e que podem influenciar a qualidade de vida da mulher. Nesse contexto, a diminuição da capacidade física e mental associada à falta persistente de energia, deficiências na concentração, diminuição do tempo de repouso e sono podem favorecer a instalação da fadiga física e mental. A prevalência e incidência da fadiga no pós-parto ainda não foi estudada extensivamente e é considerada um sintoma inevitável, temporário e frequentemente vivenciado. Este estudo objetiva avaliar o nível de fadiga de mulheres no puerpério imediato e tardio e associar a fatores sociodemográficos e clínicos. Por meio de um estudo de coorte prospectivo foram recrutadas 469 mulheres em uma maternidade pública na cidade de Natal-RN, no período de Maio a Dezembro de 2021. As avaliações ocorreram no pós-parto imediato (entre 24-48 horas) e no puerpério tardio (no 1° e 3°mês após o parto). Uma ficha de avaliação contendo informações de dados sociodemográficos, clínicos, gineco-obstétrico e dados do recém-nascido foi aplicada na primeira avaliação juntamente com três questionários para avaliação da fadiga: formulário Global Short Form de saúde global autorrelatada do Sistema de informação de Medição de Resultados pelo paciente (PROMIS-GSF); inventário multidimensional de fadiga (MFI) e pictograma de fadiga. Esses dados, com exceção das informações sociodemográficas foram aplicadas um mês após a avaliação (AV2) e três mês após o parto (AV3). Foi utilizada a análise descritiva das variáveis com média, desviopadrão, mediana, percentis 25 e 75, frequências absolutas e relativas. A ANOVA de medidas repetidas foi utilizada para comparar os resultados das três avaliações de fadiga. O modelo multivariado foi ajustado para as variáveis independentes com significância ≤ 0,20 na análise bivariada e considerando a relevância clínica para a ocorrência do desfecho. A faixa etária mais prevalente foi de 26 a 34 anos, 59,5% concluíram o ensino fundamental, 47,6% apresentaram renda salarial de até um salário mínimo e 76,1% relataram ter companheiro. Nas informações obstétricas, 70,6% eram multíparas com a mediana de idade gestacional de 38 semanas, 60,5% tiveram parto normal, 95,7% amamentaram após o parto e 80,2% amamentaram em gravidezes passadas, A avaliação da fadiga nas três avaliações mostrou diferença significativa no PROMIS-GSF (p < 0,01), domínios de fadiga geral, fadiga física e redução da motivação do MFI (p < 0,01) e ao pictograma de fadiga (p < 0,01). Na AV3, o PROMIS-GSF mostrou associação da fadiga com partos prematuros (RR = 1,18; IC95%: 1,02–1,37), ausência de rede de apoio (RR = 1,14; IC95%: 1,02–1,27), baixo desempenho na amamentação (RR = 1,16; IC95%: 1,03–1,31) e maior índice de massa corporal (IMC), (RR = 1,01; IC95%: 1,005–1,018). A partir da análise dos resultados desse estudo pode-se observar a presença da fadiga no puerpério imediato e seu aumento ao longo de três meses do pós-parto. Prematuridade, ausência de rede de apoio, desempenho ruim na amamentação e maior IMC foram fatores associados a permanência da fadiga no puerpério tardio.