Caracterização de Resíduo Sólido em Biodiesel de Sebo Bovino
B100, biodiesel de sebo bovino, precipitado em biodiesel, monoglicerídeos, monopalmitina e monoestearina, ANP, ASTM, estabilidade à oxidação, PEFF, GC-DIC, CLAE-EM-IT-TOF, termogravimetria
A produção de biodiesel aumentou na última década em função dos benefícios associados a este combustível, incluindo renovabilidade, matérias-primas nacionais, menor toxicidade e biodegradabilidade. Avanços tecnológicos foram realizados para otimizar o processo de transesterificação, possibilitando maiores rendimentos e qualidade do biodiesel. No entanto, o desempenho do biodiesel em condições de clima frio é pior que do óleo diesel devido cristalização e precipitação de insolúveis a baixas temperaturas, acelerando o entupimento de filtros de combustível e injetores de motor do veículo. Desde 2008, o uso do sebo bovino como matéria-prima na produção de biodiesel no Brasil tem aumentado em importância, representando a segunda fonte de biodiesel, depois da soja. Estudos foram realizados acerca do biodiesel de sebo bovino, em sua maioria relacionados às propriedades de estabilidade térmica e oxidativa. No entanto, poucos estudos abordam a natureza do resíduo sólido formado e sua influência na qualidade do produto. Pesquisas sugerem que a causa da deposição está relacionada à natureza de ésteres saturados, sendo monoglicerídeos prováveis agentes indutores. Este estudo monitorou os níveis de mono-, di-e triglicerídeos, a estabilidade à oxidação e o PEFF de amostras de biodiesel de sebo bovino de dois produtores comerciais, por período de 12 meses. As amostras foram analisadas pelas técnicas comparativas de CG-DIC, CLAE-MS-IT-TOF e TG para verificar a natureza do resíduo, usando monopalmitina e monoestearina como padrões de referência. Verificou-se que a formação de precipitado reduziu os níveis de monoglicerídeos no biodiesel de sebo bovino. Os resultados cromatográficos confirmaram a natureza do resíduo como monoglicerídeos saturados, com predominância de monoestearina e monopalmitina como segundo componente majoritário do precipitado. Além disto, a análise de TG do resíduo indicou perfil semelhante ao de decomposição térmica dos padrões de referência. Em adição, o resíduo não afetou a estabilidade à oxidação do biodiesel de sebo bovino e a característica de PEFF para misturas até B50. No entanto, a presença de ferro reduzido significativamente a estabilidade à oxidação do biodiesel.