Efeito do tiofeno nas propriedades de haletos de perovskitas livres de chumbo para células solares.
Perovskita sem chumbo; Aditivo; Tiofeno; Células solares
O uso de combustíveis fósseis acarreta na liberação de gases de efeito estufa, prejudiciais ao ambiente, e por isso tem-se investido mais em energias renováveis, especificamente na energia solar por ser uma fonte limpa, sem ruído e fonte de energia abundante. Materiais de perovskitas são bons candidatos para serem utilizados no estudo da conversão de energia solar em elétrica por possuírem propriedades que possibilitem boa absorção de energia solar, bem como fácil processamento e baixo custo quando comparados com o silício utilizado nos painéis solares comercialmente disponíveis. Os materiais mais investigados são perovskitas de chumbo inorgânicas (as quais apresentam boa estabilidade/pouco rendimento) e/ou híbridas orgânica-inorgânica (alto rendimento/pouca estabilidade), porém, a presença do chumbo não é algo benéfico, portanto é viável investir em materiais livres de chumbo onde Sb e Bi são bons substitutos para o chumbo e são investigados em diversas aplicações optoeletrônicos. Tendo em vista o exposto, o presente trabalho investiga as propriedades da perovskita inorgânica, de fórmula Cs3Sb2I9, utilizando a molécula orgânica tiofeno (C4H4S) durante sua síntese, com o propósito de verificar as modificações provocadas e aplicar em um dispositivo fotovoltaico para elucidar o poder de conversão de energia (PCE) do material. Ao produzir materiais de 0%, 9% e 17% (m/m) de tiofeno, o aditivo possibilitou melhoria da cristalinidade, bem como supressão de fases secundárias; promoveu a alteração do bandgap (2,23 eV, 2,00 eV e 1,95 eV), e modificou a morfologia do pó de placas hexagonais para algo próximo a agulhas e folhas, formando também um aglomerado de partículas mais acentuado bem como tornando a superfície deste mais conectada, respectivamente, onde tais propriedades são relevantes para o uso destes materiais em células solares. Os espectros de Raman apresentaram os mesmos perfis para as 3 amostras, informando que não há alteração nas ligações da rede cristalina. Construindo uma microcélula de configuração FTO/TiO2/Perovskita/NiOx/Ag, um PCE de 0,42% foi obtido para a perovskita aditivada em 9% (Voc: 0,059V; Jsc=0,27mA e FF=19,37%), sendo o melhor resultado frente a 0,2% com a perovskita com 17%. Os resultados apresentam perspectivas para o estudo de aditivos na modulação de propriedades de materiais inorgânicos para células solares.