Produção catódica de hidrogênio por oxidação eletroquímica simultânea de soluções aquosas de vermelho de metila e 2,4-DNa usando ânodos de Pb/PbO2, Ti/SnO2 dopado com Sb e Si/BDD em uma célula eletrolítica de membrana de troca de prótons
Vermelho de Metila, 2,4DNa, ânodo de BDD, ânodo de PbO2, ânodo de SnO2 dopado com Sb, Eletroxidação, produção de hidrogênio, produção de oxigênio.
Em virtude dos problemas de poluição ambiental, em especial da água, e a crise energética causada pelo crescente uso de combustíveis fósseis que não são renováveis e os produtos de sua combustão são poluentes, este trabalho propôs produzir hidrogênio como um meio alternativo de produção, uma vez que ele é uma fonte de energia renovável e limpa, por simultânea oxidação de duas das fontes mais poluidoras das águas, os corantes e herbicidas. Para tanto, a oxidação eletroquímica do corante vermelho de metila (MR) e o herbicida 2,4-diclorofenóxiacetato de sódio (2,4DNa) foi investigada nos ânodos de Si/BDD, Pb/PbO2 e Ti/SnO2 dopado com Sb em meio aquoso ácido por aplicar 30 mA cm-2 com simultânea produção e quantificação do gás hidrogênio produzido no compartimento catódico. Os experimentos eletroquímicos foram executados em uma célula eletroquímica de dois compartimentos do tipo H separados por uma membrana de Náfion® do tipo 417. O processo de degradação eletroquímica foi monitorado por espectroscopia de UV-vis, HPLC e Carbono Orgânico Total. Já as propriedades eletrocatalíticas dos ânodos e cátodos foram avaliadas pelos parâmetros de Tafel. Os resultados mostraram, claramente que, MR e 2,4DNa podem ser oxidados sobre tais ânodos, mas ambos o nível de oxidação e a eficiência de corrente anódica variaram significativamente entre eles. A remoção da cor do MR no ânodo de BDD foi alcançada em menos de 20 min e apenas nesse ânodo o corante foi oxidado até ácidos carboxílicos. Já nos ânodos de Pb/PbO2 e Ti/Sb-SnO2 um tempo (120 min) mais longo de eletrólise foi necessário para remover completamente a cor da solução. Tendência semelhante foi observada na remoção eletroquímica do herbicida 2,4DNa. A maior capacidade de remoção eletroquímica dos poluentes orgânicos no ânodo de Si/BDD foi atribuída a alta participação dos radicais hidroxila e sulfato. Já os outros ânodos não são capazes de produzir radicais sulfato e têm uma menor atividade eletrocatalítica para a degradação dos poluentes orgânicos. Em relação à produção de hidrogênio, os resultados mostraram que a velocidade de produção de H2 é dependente apenas da corrente aplicada e do tempo de eletrólise. Além disso, a eficiência de corrente catódica foi superior a 80%. O uso de outros materiais catódicos tem eficiências semelhantes ao da platina diferindo apenas em sua estabilidade química/eletroquímica no meio eletrolítico estudado. Já a produção de oxigênio no compartimento anódico foi inibida em cerca de 50%, apenas no ânodo de Si/BDD, por causa da formação de radicais sulfato que interferem na etapa da reação de evolução de oxigênio por consumir radicais hidroxila. Portanto, com esse sistema acoplado é possível reduzir o impacto da poluição da água e gerar uma fonte de energia limpa que pode ser utilizada para reduzir o custo dos processos de tratamento eletroquímico da água.