HIDROFOBIZAÇÃO DO AMIDO EXTRAÍDO DE AMÊNDOAS DE MANGA E SUA APLICAÇÃO EM FILMES DE AMIDO PARA EMBALAGENS DE ALIMENTOS
Amido, laurato de amido, filmes biodegradáveis
Após o processamento industrial da manga, porções da fruta, como casca e caroço, são descartadas sem o devido aproveitamento. Cerca de 15% do peso da manga é devido ao caroço, a partir do qual é possível obter o amido. Nesse sentido, o uso do amido da manga para obtenção de filmes biodegradáveis e que agreguem valor a um rejeito da indústria é bastante promissor. Entretanto, apesar dos filmes de amido apresentarem vantagens relacionadas à renovação e biodegradação, eles possuem gargalos quanto às suas propriedades mecânicas e de barreira. Nesse contexto, foi realizada a modificação química do amido da amêndoa de manga com laurato de vinila, e o produto foi incorporado como agente estruturante em filmes de amido de manga não modificado. O estudo avaliou a influência da incorporação de diferentes concentrações de laurato de amido (LA) sobre as propriedades mecânicas e físicas dos filmes poliméricos. Os polímeros foram caracterizados por volumetria de neutralização, RMN, IV, TG e DRX. A modificação química do amido de amêndoa de manga foi confirmada pela técnica de espectroscopia com transformada de Fourier (FTIR), através do aparecimento da banda de carbonila de éster saturado em 1743 cm-1, de menor frequência que a carbonila de éster vinílico para o LA, em 1758 cm-1. O grau de modificação química do amido por inserção do grupo laurato foi de 0,28. O amido de amêndoa de manga apresentou cristalinidade do tipo A. Por outro lado, o LA só apresentou dois picos largos, correspondentes a um material amorfo. Os filmes, elaborados com diferentes concentrações de LA (0-15% massa/massa com base na concentração de amido) por microfluidificação, foram submetidos a ensaios de tração, opacidade, permeabilidade a vapor de água (PVA) e difração de Raios-X. A adição de LA resultou em melhores propriedades de elongação na ruptura, maior opacidade e menor tensão na ruptura e módulo de Young. A etapa de microfluidificação foi determinante para a obtenção de menores valores de PVA. Os resultados de difração de Raios-X (DRX) para os filmes corroboraram com as propriedades mecânicas, evidenciando que a incorporação de LA reduziu a cristalinidade dos filmes de amido.