Cultura escolar; Espaço escolar; Infância; Núcleo de Educação Infantil; Natal/RN.
Esta tese tem como objeto de pesquisa a cultura e o espaço escolar do Núcleo de Educação Infantil (NEI-CAp-UFRN), entre os anos de 1979 e 2008. Utilizamos como referencial teórico para interpretar o NEI o conceito de cultura e espaço escolar, uma vez que professores e crianças, como sujeitos do processo educativo, foram compreendidos em suas ações cotidianas, nas relações que estabeleceram uns com os outros, com o espaço e com os saberes escolares. O estudo pautado nestes conceitos possibilitou-nos discorrer tanto sobre as invariantes estruturais da escola, quanto a responder questões acerca das suas transformações, procurando entender as práticas escolares e questões cotidianas, como forma de apropriação do espaço e do tempo escolar. Nesse sentido, trabalhamos com um escopo documental constituído por documentos de caráter burocrático-administrativo, fotografias, relatos de práticas pedagógicas, narrativas produzidas pelas crianças e publicadas, pelo NEI, nos livros das turmas da alfabetização, bem como teses e dissertações produzidas pelo corpo docente da instituição. A partir de tais fontes procuramos demonstrar como ocorreu o processo de instituição de uma “escola diferente” no âmbito da UFRN e como, no decurso do tempo, processou-se a organização de um espaço que forjou uma cultura escolar calcada no entrelaçamento entre as vivências e experiências infantis, a mediação pedagógica e os saberes historicamente construídos. Além disso, procuramos demonstrar, de um lado, como a cultura escolar proveniente do aprendizado e das descobertas derivadas dos temas de pesquisa e, de outro, a kindercultura e a cultura de massa estiveram presentes no imaginário infantil, tornando-se parte da vivência e da experiência das crianças do NEI. Analisamos, ainda, o cotidiano das relações infantis e a representação, na infância, de temas, tais como: família, maternidade e questões de gênero; vivências e experiências infantis no espaço extraescolar; espaços de sociabilidade infantil; o “mapa dos sentimentos” e as “paisagens do medo”; e, por fim, as percepções acerca do eu, do nós e do outro. Nosso trabalho demonstrou, de um lado, o protagonismo infantil na produção de uma cultura e de um espaço escolar e, de outro, o caráter renovador de uma proposta pedagógica que, fundamentada no método ativo, foi capaz de articular ao fazer pedagógico os interesses, as vivências e a experiência infantil na produção do conhecimento escolar. Tal prática pedagógica fez com que, ao longo de sua trajetória histórica, o NEI se tornasse uma escola de educação infantil paradigmática na cidade de Natal e no estado do Rio Grande do Norte.