VALIDAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ADHERE - BARREIRAS E FACILITADORES PARA ADESÃO ÀS MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS INFECTOCONTAGIOSAS.
Palavras-chave: questionários; estudos de validação; adesão do paciente; doenças respiratórias
Introdução: As doenças respiratórias infectocontagiosas causam elevado custo em saúde e altas taxas de morbidade e mortalidade, sendo necessário compreender os aspectos que influenciam no comportamento de adesão da população ao enfretamento dessas doenças. Objetivo: Avaliar as evidências de validade e confiabilidade do questionário ADHERE e validar o questionário para identificar barreiras e facilitadores da adesão às medidas de prevenção e controle de doenças respiratórias infectocontagiosas na população brasileira, ademais, investigar os preditores de adesão às medidas nesta população. Métodos: Estudo psicométrico realizado de acordo com as recomendações do COnsensus-based Standards for the selection of health Measurement INstruments (COSMIN). Foram avaliadas a validade de construto (estrutural e convergente) e confiabilidade (consistência interna e teste-reteste). A validade estrutural foi testada através da análise fatorial exploratória (AFE) e confirmatória (AFC), já a validade convergente foi verificada através da correlação de Spearman entre o escore total do ADHERE e o quantitativo de doses da vacina para COVID-19 recebidas pelo participante. A consistência interna foi analisada por meio do ômega de McDonalds (ω) e o teste-reteste mediante o coeficiente de correlação intraclasse (CCI). Para a análise dos preditores de adesão às medidas, foi utilizada análise bisserial das variáveis. Resultados: Participaram do estudo de validação 654 respondentes, residentes nas cinco regiões brasileiras, variando a idade entre 18 e 94 anos, sendo a maioria do gênero feminino (73,2%), escolaridade com ensino superior (52,3%) e residentes em zona urbana (93,4%). Ambas as análises fatoriais apresentaram adequação da amostra, possibilitando a fatoração dos dados (KMO>0,70; esfericidade de Bartlett com p<0,01). A AFE reduziu o número de itens do questionário de 34 para 12 distribuídos em três dimensões (1ª: atitudes e comportamentos do indivíduo, 2ª: políticas de saúde e 3ª: conhecimento sobre vacinas). A AFC resultou na exclusão da terceira dimensão, confirmando o modelo final em duas dimensões e um total de 10 itens. A validade convergente apresentou significância estatística, em uma correlação positiva e fraca entre o escore do ADHERE e o quantitativo de doses recebidas para COVID-19 (r=0,22; p<0,001). A consistência interna para cada dimensão foi de 0,78 e a estabilidade temporal refletida pelo CCI foi de 0,93 (IC95%: 0,88 - 0,96). Na análise de preditores participaram 1759 brasileiros, e identificou-se que o aumento da idade, ser do gênero feminino, apresentar comorbidades, possuir o ensino superior completo e renda familiar entre 2 a 10 salários-mínimos contribuíram significativamente para o aumento da adesão. Conclusões: O questionário ADHERE apresentou validade e confiabilidade adequadas para avaliar barreiras e facilitadores da adesão às medidas de prevenção e controle de doenças respiratórias infectocontagiosas, na população brasileira. E a partir da versão final do questionário ADHERE identificou-se os preditores de adesão às medidas nesta população.