REPERCUSSÕES DA FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA ASSOCIADA AO TREINO CARDIORRESPIRATÓRIO EM INDIVÍDUOS PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO
Acidente Vascular Encefálico; Reabilitação; Exercícios Respiratórios; Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva; Marcha
Introdução: Indivíduos pós Acidente Vascular Encefálico (AVE) apresentam alterações em vários sistemas fisiológicos como o sistema musculoesquelético e cardiopulmonar. Essas alterações sistêmicas trazem repercussões importantes como redução significativa da distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos, função respiratória e na distribuição de volumes pulmonares. Esses pacientes apresentam ainda redução no seu nível de atividade física que por sua vez leva a um impacto negativo na mobilidade, incapacidade na realização das atividades de vida diária e qualidade de vida. O Treino Cardiorrespiratório (TCR) é apontado como um dos meios de melhorar a capacidade cardiorrespiratória nesta população, contudo por ser uma população que apresenta alterações importantes na mecânica respiratória, a utilização isolada do TCR pode ser insuficiente. Assim, a adição da técnica da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), que enfatiza um alongamento nos vários diâmetros do tronco implicaria na maior conscientização e harmonia das funções executadas pelo tronco, com foco para a musculatura respiratória desse indivíduo, promovendo assim uma melhora na função respiratória global destes pacientes e auxiliando no aumento da capacidade cardiorrespiratória destes indivíduos.
Objetivos:
a) Elaborar um protocolo de ensaio clínico randomizado destinado a verificar os efeitos da adição da FNP a um TCR na função respiratória de indivíduos pós AVE;
b) Investigar se as alterações de volume da caixa torácica (repouso e durante manobra inspiratória) em pacientes pós AVE estão relacionadas as mudanças funcionais na distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos, força muscular respiratória e função pulmonar.
c) Avaliar os efeitos dos padrões respiratórios e de tronco da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva associado ao treinamento cardiorrespiratório na qualidade de vida, marcha, distância percorrida, pico de consumo de oxigênio, força muscular respiratória, volumes da caixa torácica, de indivíduos com pós Acidente Vascular Encefálico.
Materiais e métodos: Primeiramente foi desenvolvido um protocolo para o ensaio clínico, com as avaliações e intervenções a serem realizadas pelo voluntários. Nele também foram estabelecidos os critérios de elegibilidade para os estudos subsequentes. Indivíduos com diagnóstico de AVE, primário, há mais de 6 meses e com hemiparesia, de ambos os sexos e com idade entre 21-65 anos foram avaliados acerca de medidas de desfecho medidas por: Escala Específica de Qualidade de Vida – Acidente Vascular Encefálico (EEQV-AVE); Volume máximo de Oxigênio; Teste de caminhada de 6 minutos(TC6M); Escala de Equilíbrio de Berg(EEB); espirometria e manovacuometria; volumes compartimentais da caixa torácica com pletismografia opto eletrônica. A partir das avaliações iniciais foi realizado o estudo observacional transversal e um ensaio clínico, randomizado, cego e com sigilo de alocação, todos desenvolvidos no Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No ensaio clinico, indivíduos pós-AVE foram randomizados em quatro grupos: Experimental MMII (submetido ao TCR de Membros inferiores associado à FNP); Grupo Controle MMII (submetido TCR de MMII associado à respiração). Experimental MMSS (submetido ao TCR de Membros superiores associado à FNP) e Grupo Controle MMSS (submetido TCR de MMSS associado à respiração). Os indivíduos foram avaliados antes e imediatamente após 20 sessões do programa de tratamento e um mês após do fim do tratamento. Para os quatro grupos, o programa de tratamento era composto de realização dos padrões respiratórios de FNP ou respiração, seguido de 30 minutos de tratamento aeróbico e repetição da parte respiratória, sendo realizadas em 20 sessões, três vezes por semana. A determinação de encaminhamento para as técnicas foi feita por meio de sorteio, sendo mantida até o final do período de intervenção. Para a terapia com o TCR utilizado o cicloergômetro para membros inferiores ou superiores, baseado nos critérios da American College of Sports Medicine e monitorização constante de pressão arterial, saturação de oxigênio, frequência cardíaca e percepção de esforço. Os padrões de FNP foram realizados em posições sentado, decúbito dorsal, ventral e lateral. Os exercícios de respiração foram realizados pelo mesmo tempo e nas mesmas posições da FNP.
Resultados:
Protocolo de ensaio clínico: Addition of proprioceptive neuromuscular facilitation to cardiorespiratory training in patients poststroke: study protocol for a randomized controlled trial(https://doi.org/10.1186/s13063-019-3923-1)[R1]
No estudo transversal foram avaliados 17 voluntários, com 55(7,5)anos, 22(17) meses pós AVE, 207(119) metros percorridos no TC6M, e volumes correntes em respiração tranquila e capacidade inspiratória de 460(160) e 1.790(460)ml respectivamente. Não foi encontrada correlação entre a distância no TC6M e a distribuição de volume da caixa torácica em repouso. Durante a manobra de capacidade inspiratória, um volume abdominal aumentado esteve relacionado a uma menor distância percorrida.
Dezesseis indivíduos realizaram o treinamento no piloto do ensaio clínico. As análises foram realizadas utilizando ANOVA de medidas repetidas, com comparações que se deram entre MMSS com e sem FNP e MMII com e sem FNP. Não houve diferença significativa entre os grupos de diferentes intervenções, exceto para volumes compartimentais de caixa torácica abdominal e abdômen nos grupos de MMII, no grupo controle. os valores de Volume Expiratório Forçado no 1º segundo(VEF1) e VEF1/Capacidade Vital Forçada nos grupos de MMSS foram significativamente maiores no grupo controle.
Conclusão – Os indivíduos pós AVE apresentam redução na distância percorrida no TC6M quando há aumento do volume do compartimento abdominal.
Os grupos FNP e controle apresentaram comportamentos similares em relação a variáveis funcionais, respiratórias, e de qualidade de vida dos indivíduos da amostra.
[R1]aguardo