Análise da atividade eletromiográfica em indivíduos com lesão medular completa e crônica durante tentativa de movimentação voluntária dos membros inferiores em tarefas locomotoras
Traumatismos da Medula espinal. Eletromiografia. Marcha. Vias aferentes. Vias eferentes.
Introdução: Sabe-se que mesmo após uma lesão medular completa (LMC) podem haver vias axonais preservadas abaixo do nível da lesão, o que pode ser demonstrado pela eletromiografia de superfície (EMGs). Entretanto, pouco se sabe sobre o comportamento transversal e longitudinal do sinal e suas propriedades espectrais em resposta à aferência sensorial pela carga associada aos comandos descendentes supraespinais durante tentativa de dar passos. Objetivos: 1) Investigar comportamento do sinal EMGs durante a tentativa de movimentar os membros inferiores (MMII) de acordo com dicas verbais relacionadas à cinemática da marcha durante a postura de pé em indivíduos com LMC; 2) Caracterizar o comportamento longitudinal do sinal EMGs durante treino de ortostatismo e de marcha robótica assistidos associado à tentativa de movimentação voluntária dos MMII. Métodos: Trata-se de um estudo observacional analítico, no qual participaram 3 indivíduos com LMC e crônica (mais de 1 ano após lesão). O sinal EMGs de músculos localizados abaixo da lesão foi registrado longitudinalmente durante duas etapas. Na primeira etapa, o sinal EMGs foi registrado na postura ortostática assistida concomitante à tentativa de dar passos de acordo com 4 dicas verbais (RÁPIDO, LENTO, ALTO e LARGO). Na segunda etapa, o sinal EMGs dos mesmos grupos musculares, foi registrado durante treino de marcha assistida por órtese robótica (Lokomat®) concomitante à tentativa de dar passos de acordo com 2 comandos verbais (ALTO e LARGO). Foi analisado o comportamento transversal e longitudinal do sinal EMGs para os músculos reto femoral, bíceps femoral, tibial anterior e gastrocnêmio medial bilateralmente. O sinal EMGs rebatido e filtrado e o envoltório linear foram apresentados graficamente para cada músculo avaliado. A representação das características espectrais ao longo do tempo foi determinada pelo espectrograma. A partir da identificação das contrações musculares foram determinados: duração, RMS, pico da amplitude, integral matemática e a frequência mediana do sinal EMGs de cada condição experimental. Teste Friedman foi utilizado para comparar as variáveis dependentes entre os diferentes comandos e ao longo do tempo. A significância estatística foi estabelecida em 5%. Resultados Esperados: Espera-se caracterizar o sinal EMGs de músculos abaixo da lesão em indivíduos com LMC com o objetivo de compreender o comportamento deste sinal. Acredita-se que existam vias neurais supraespinais residuais em pacientes com diagnóstico clínico de LMC e o conhecimento de suas propriedades são considerados importantes para se propor novos protocolos e linhas de pesquisa para avaliação e intervenção nessa população.