QUALIDADE DO SONO E FATORES ADVERSOS ASSOCIADOS EM CARDIOPATAS
Cardiopatias, Sono, Privação de Sono, Higiene do Sono.
Fundamentos: Desordens e alterações do sono impactam negativamente no curso das doenças cardiovasculares e pode contribuir para piora das arritmias cardíacas noturnas. Sua investigação é essencial no acompanhamento clínico das cardiopatias, entretanto, há poucos estudos documentando as alterações/desordens e analisando os fatores associados.
Objetivos: Analisar a qualidade do sono e avaliar os fatores relacionados em diferentes grupos de cardiopatias.
Métodos: Duzentos e sete pacientes, com cardiopatia diagnosticada, divididos em cinco grupos (Insuficiência Cardíaca, Arritmia, Coronariopatia e Combinadas) e Hipertensão Arterial Sistêmica, foram avaliados subjetivamente quanto à qualidade do sono pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), sonolência excessiva diurna (SED), índice de gravidade de insônia (IGI) e risco para desenvolvimento de síndrome da apneia obstrutiva do sono, além de dados sociodemográficos e fatores clínicos associados à doença cardíaca. Os dados dessa análise foram apresentados no formato de artigo a ser submetido aos Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Acrescido a esse manuscrito, resumos científicos foram desenvolvidos e expostos em congressos e, ainda, foi realizada educação em saúde por meio de orientações em cartilha estruturada sobre higiene do sono e melhora da qualidade do sono em cardiopatas para os participantes do estudo.
Resultados: 65,7% dos pacientes eram pobres dormidores; o tempo médio de sono/noite foi 396 minutos. Entre os grupos, não houve diferenças significativas na PSQI (p=0,362), SED (p=0,644) e IGI (p=0,085). Há correlação entre o índice de massa corpórea e as variáveis PSQI (r=0,133; p=0,05), SED (r=0,160; p=0,02) e IGI (r=0,189; p=0,01). Um modelo de regressão logística mostrou associações significativas entre o PSQI e os fatores hipertensão, obesidade, dislipidemia, sedentarismo, tabagismo e etilismo, onde a obesidade (p=0,050; β=2,365; IC=1,00-5,61), o sedentarismo (p=0,038; β=1,938; IC=1,04-3,62) e o tabagismo (p=0,010; β=2,222; IC=1,21-4,08) determinam piores índices de qualidade de sono entre os pacientes. Além disso, os participantes do estudo foram orientados quanto à higiene do sono e à melhora da qualidade do sono voltada para as doenças cardíacas, sendo uma ação de promoção à saúde desses sujeitos.
Conclusão: Pacientes com cardiopatia apresentam pobre qualidade de sono com sonolência excessiva e algum grau de insônia, independente da doença cardíaca e medidas de educação em saúde vinculadas ao sono de boa qualidade devam ser instigadas a fim de melhorar o seguimento e acompanhamento das cardiopatias.