EFEITOS DA VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NOS MODOS CPAP E BI-NÍVEL SOBRE A TOLERÂNCIA AO EXERCÍCO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
pressão positiva continua nas vias aéreas, respiração com pressão positiva inspiratória, teste de esforço, resistência física.
Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é um importante problema de saúde pública em todo o mundo, apresentando a dispneia e a fadiga como principais sintomas clínicos e principais responsáveis pela intolerância ao exercício. No manejo desta síndrome, o exercício físico regular e a Ventilação Não Invasiva (VNI) estão relacionados à redução dos sintomas e melhora da capacidade funcional. O uso da VNI associada ao exercício é recente, e ainda são escassos estudos controlados e randomizados sobre o tema. Nesse contexto, sabe-se que a utilização de VNI no modo CPAP, aplicado antes do exercício, aumenta a tolerância ao exercício em pessoas com IC; contudo, ainda não é conhecido se o modo Bi-nível, aplicado nas mesmas condições, é capaz de gerar resultados semelhantes ou até melhores, pelo acréscimo de pressão de suporte ventilatório presente nessa modalidade. Objetivo: Portanto, este estudo tem por objetivo testar se há diferença entre os efeitos agudos da VNI na tolerância ao exercício de indivíduos com IC, quando aplicado modo CPAP ou modo Bi-nível. Metodologia: Trata-se de um ensaio clínico controlado, randomizado, duplo-cego e cross-over, composto por 14 voluntários (idade de 63+9 anos), portadores de IC crônica, classe funcional II e III (New York Heart Association), em situação de estabilidade clínica. O experimento ocorreu em três dias distintos, com intervalo de 48 horas entre eles. Cada voluntário fez um teste graduado da caminhada (TGC) por dia, a saber: um TGC sem intervenção prévia (T-Co), outro após 30 minutos de VNI no modo CPAP (T-CP), e outro após 30 minutos de VNI no modo Bi-nível (T-Bi), obedecendo sequência randomizada. Durante os testes, foram analisados a distância caminhada (DC), níveis percebidos de fadiga e dispnéia, resposta afetiva, bem como outras variáveis fisiológicas. Para a análise estatística foi utilizado o teste ANOVA para medidas repetidas, seguido do pós-teste de Bonferroni, considerando-se o p-valor menor ou igual a 0,05 como estatisticamente significante. Resultados: Não foi encontrada diferença entre a DC obtida no T-CP (440,4+72,4m) e no T-Bi (441,6+79,4m) (p=1,00). Contudo, a DC foi maior após o uso da VNI, tanto no T-CP, quanto no T-Bi, em relação àquela observada no T-Co (381,2+79,8m) (p=0,004 e p=0,007, respectivamente). Conclusão: O uso de um suporte ventilatório não invasivo, independente do modo, promove melhora na tolerância ao exercício em pessoas com IC, o que pode permitir que essa população alcance, de forma mais abrangente, os benefícios oriundos do exercício físico sobre a sua funcionalidade e qualidade de vida.