ATIVIDADE ELETROENCEFALOGRÁFICA DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA APRENDIZAGEM MOTORA DE UM JOGO BASEADO EM REALIDADE VIRTUAL
Transtornos Cerebrovasculares, Extremidade Superior, Paresia, Eletroencefalografia, Desempenho Psicomotor.
O AVC é a principal causa de incapacidade a longo prazo entre os adultos e a aprendizagem motora é primordial na reabilitação das sequelas motoras. O objetivo do estudo foi avaliar a atividade eletroencefalográfica de pacientes com AVC na aprendizagem motora de um jogo baseado em realidade virtual. Participaram do estudo 10 pacientes com AVC crônico, destros, idade média de 50,4 anos (± 8,12) sendo 5 com lesão cerebral esquerda (PE) e 5 com lesão à direita (PD). Os participantes foram avaliados quanto à atividade eletroencefalográfica (EEG) e ao desempenho na realização de 15 repetições do jogo de dardos no XBOX Kinect e também por meio do NIHSS, MEEM, Fugl-Meyer e da escala de Ashworth modificada. Os pacientes foram submetidos a 12 sessões de treino (fase de aquisição) em 4 semanas, cada qual com 45 repetições do jogo de dardos virtual. Após o treino, os pacientes foram submetidos à reavaliação da atividade do EEG e do desempenho no jogo de dardos virtual (fase de retenção). Foi utilizada a ANOVA de medidas repetidas para comparação entre os grupos. De acordo com os resultados, houve diferença entre os grupos quanto às bandas de frequência “Low Alfa” (p=0,0001), “High Alfa” (p=0,0001) e Beta (p=0,0001). Verificou-se um aumento das potências de ativação de Alfa e diminuição de Beta do grupo PD na fase de retenção. No grupo PE, foi observado o aumento da potência de ativação de Alfa, porém sem diminuição da ativação de Beta. O grupo PD aumentou a ativação cerebral no hemisfério esquerdo com a prática nas áreas frontais. No entanto, o grupo PE apresentou maior ativação do hemisfério direito nas áreas fronto-central, temporal e parietal. Quanto ao desempenho, foi observada uma diminuição do erro absoluto no jogo para o grupo PD entre a fase de aquisição e retenção (p=0,0001), porém essa diferença não foi observada para o grupo PE (p=0,111). Conclui-se então que os pacientes com lesão cerebral direita se beneficiaram mais do treino em ambientes virtuais no que diz respeito ao processo de aprendizagem motora, diminuindo o esforço neural e os erros com a prática de uma tarefa. Em contrapartida, pacientes com lesão no hemisfério esquerdo parecem utilizar um maior esforço neural e ativação de áreas contralesionais, sem melhoras do desempenho com a prática de 12 sessões.