Entre astros, cometas e constelações: Percepções de uma organização do espaço mítico nas gravuras renascentistas de Albrecht Dürer (1471-1528)
Astrologia, Espaço mítico, Albrecht Dürer.
Cometas, planetas, luas e constelações foram, ao longo de civilizações, representadas por pintores, arquitetos e escultores por meio de imagens e mapas celestes e mapas zodiacais. Na cultura renascentista essas imagens estiveram, por exemplo, nas abóbodas do palácio de Schifanoia em Ferrara, tal como em diversas gravuras de Albrecht Dürer como apontou Aby Warburg e, posteriormente, Erwin Panofsky. Nessa escrita, apontamos que as gravuras, a saber, o sifilítico (1494), o astrônomo (1500) e a mulher com zodíaco(1502), Melencolia I (1514) atribuídas a Dürer podem fazer parte de temas recorrentes no período, como a astrologia, que compôs outras gravuras da Renascença, o que chamamos de iconografia astral. Para isso, partimos da relação entre imagem e texto presente nas imagens elencadas, de acordo com a perspectiva de W.J.T. Mitchell. Assim, visamos entender como as imagens, que denominamos imagens astrais, podem através de sua visualidade ajudar a compor um período em que o pensamento era concebido por determinadas correspondências entre o homem e os astros, a partir da ideia do homem como um microcosmo. Assim sendo, para entender essa dada forma de se organizar, através de um espaço correspondente, ou através de uma visão de mundo, no qual os astros tinham lugar especifico, apontamos a categoria espaço mítico tal qual apontada segundo a perspectiva do geógrafo Yi-Fu Tuan.