Aplicação da paligorsquita na liberação pH-responsiva de fármacos tuberculostáticos
tuberculose, isoniazida, rifampicina, paligorsquita, sistema pH-responsivo
A tuberculose (TB) é a segunda maior causa de mortes ocasionadas por agravamento de uma infecção no mundo. Esse status é principalmente devido a problemas de eficácia terapêutica encontrados nos tratamentos existentes. A isoniazida (INH) e a rifampicina (RIF) são fármacos de primeira linha bastante eficazes no tratamento e na prevenção da TB. Entretanto, a administração desses medicamentos podem ocascionar efeitos colaterais graves, como neuropatia periférica, hepatotoxicidade, hematotoxicidade e outros efeitos adversos oriundos do uso prolongado dessas substâncias, podendo resultar em descontinuação do tratamento. Dessa forma, faz-se necessário a busca por novos sistemas de liberação para fármacos tuberculostáticos, de modo a evitar efeitos adversos indesejados, proteger o fármaco da degradação no trato gastrointestinal, aumentar a sua biodisponibilidade e, consequentemente, melhorar a sua eficácia terapêutica. O presente trabalho estudou a obtenção de sistemas pH-responsivos para INH e RIF, utilizando a paligorsquita (PAL) como nanocarreador, um material natural, abundante e de baixo custo. O processo de incorporação foi avaliado por meio de um planejamento fatorial, a fim de se investigar a influência de alguns fatores na adsorção dos fármacos. O experimento utilizando a concentração máxima (0,075 mg/mL para INH e 0,125 para RIF), menor massa de PAL (300 mg) e pH mais baixo (pH 2), foi o mais eficiente perante os demais experimentos realizados, resultando em uma maior dose de fármaco incorporado, equivalente a 12,93 mg/g de PAL para INH e 33,62 mg/g de PAL para RIF. Os resultados obtidos pelas técnicas de caracterização empregadas (FTIR, DRX, TG/DTG, DSC, Potencial Zeta, MEV e EDS) e pela aplicação de modelos cinéticos e isotermas de adsorção comprovaram a incorporação dos fármacos no argilomineral e ajudaram a elucidar o mecanismo de interação entre os materiais. Por meio dos estudos de liberação in vitro realizados para a isoniazida, conseguiu-se comprovar a eficácia do sistema pH-dependente obtido para o fármaco. Mais de 60% da dose foi liberada em meio intestinal (pH 6,8 e pH 7,4). O estudo cinético mostrou que o modelo de ordem zero foi o que melhor se ajustou aos dados experimentais, indicando que a INH é liberada de forma prolongada a partir da paligorsquita.