Avaliacao da toxicidade e potencial bioativo de nanoparticulas contendo extrato de compostos fenolicos de melao Cantaloupe (Cucumis melo L.) em peixe-zebra (Danio rerio)
Cucurbitaceae. Fitoquímicos. Nanotecnologia. Inflamação. Comportamento Animal.
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura, e está fortemente associada à inflamação e outras complicações. Os compostos fenólicos totais (CFT) apresentam efeito antioxidante e anti-inflamatório, sendo sensíveis às condições ambientais, comprometendo a funcionalidade. A nanoencapsulação visa o aumento da estabilidade e potencialização bioativa desses compostos. A investigação toxicológica de extratos vegetais e novos materiais é crucial, devendo preceder a avaliação das propriedades funcionais para minimizar efeitos nocivos. Este estudo objetivou avaliar a toxicidade e o potencial bioativo do extrato bruto de compostos fenólicos do melão Cantaloupe (livre - EBCF e nanoencapsulado - EFPC) em peixe-zebra com obesidade induzida por dieta (DIO). A encapsulação foi realizada por nanoprecipitação em anti-solvente (acetona), utilizando proteína do soro do leite concentrada (1 extrato bruto: 4 agente encapsulante p/p) e Tween 80. O rastreio toxicológico agudo foi realizado na fase embrionária e adulta de peixes-zebra expostos a concentrações (25 – 400 mg/L) do EBCF e EFPC. O potencial bioativo de EBCF e EFPC foi investigado por meio de avaliações de ingestão alimentar, parâmetros zoométricos, bioquímicos, histopatológicos, expressão gênica e comportamentais em peixes-zebra com obesidade induzida por dieta (DIO) e tratados com dieta padrão (DIO + NOD), EBCF (DIO + EBCF) e EFPC (DIO + EFPC) durante 14 dias, utilizando como controles: grupo submetido a DIO sem tratamento, e à dieta padrão do início ao fim do experimento (NOD). EBCF e EFPC evidenciaram atividade inibitória de 50% (IC50) do radical ABTS+ em 1,64 (0,14) e 1,09 (0,02) mg/mL, respectivamente, sugerindo a potencialização da atividade antioxidante no EFPC (7 vezes). Para embriões, a concentração letal média (CL50) de EBCF e EFPC estimada foi de 231,2 (35,9) mg/L e 233,8 (25,4) mg/L, respectivamente. Para peixes adultos, não foi possível estimar a CL50, contudo sinais de sub-letalidade foram evidenciados em doses ≥ 100 mg/L, sendo 50 mg/L selecionada para avaliação do potencial bioativo. A avaliação de espécies reativas de oxigênio (ROS) nos cérebros dos animais indicou redução significativa do estresse oxidativo no grupo EFPC comparado ao controle (p < 0,05). Na avaliação do potencial bioativo, EFPC (50 mg/L) reduziu o consumo alimentar em 43% (p < 0,05). A avaliação zoométrica apontou aumentos significativos no comprimento nos grupos de DIO e DIO + EFPC (p < 0,05), e redução significativa no IMC em NOD e EFPC (p < 0,05). O teste de tanque novo sugeriu um comportamento do tipo ansioso no controle DIO, devido a um maior tempo total imóvel (p < 0,05). O grupo EFPC passou menos tempo na área do fundo do tanque comparado aos grupos DIO e DIO + NOD (p < 0,05). No teste de sociabilidade, os grupos EBCF e EFPC obtiveram maiores médias para distância total percorrida e velocidade média em movimento comparado ao controle DIO (p < 0,05). Os resultados sugerem aplicação segura do EBCF e EFPC em doses < 100 mg/L, com efeito bioativo do EFPC mais pronunciado na melhora do estresse oxidativo, parâmetros zoométricos e comportamentais. Contudo, mais estudos se fazem necessários para melhor elucidar mecanismos e efeitos desses compostos investigados.