Sobrepeso e obesidade e a sua relação com a barreira morfofuncional intestinal e o status de vitamina E
alfa-tocoferol; estado nutricional; obesidade; permeabilidade intestinal
O sobrepeso e a obesidade constituem um grave problema de saúde pública e acarretam altos custos aos sistemas de saúde. Alterações na barreira morfofuncional intestinal (BMI) foram observadas em modelos animais de obesidade, no entanto, poucos estudos avaliaram essa temática em humanos. A vitamina E é armazenada no tecido adiposo e parece ter relação com o sobrepeso e obesidade. Contudo, alguns estudos demonstraram associações positivas com excesso de peso, enquanto outros, associações negativas. As relações entre a vitamina E e a BMI no contexto do sobrepeso e a obesidade têm demonstrado resultados inconsistentes. Este estudo teve como objetivo determinar as relações entre o sobrepeso e a obesidade com a BMI e o status de vitamina E. Foi realizado um estudo observacional, quantitativo e transversal com coleta de dados em setembro de 2019 a março de 2020 e novembro de 2021 a março de 2023. Foram coletados dados sociodemográficos, antropométricos e amostras de sangue e urina. Ao total, participaram do estudo 75 indivíduos, sendo 32 eutróficos (IMC < 25 kg/m²) e 43 com sobrepeso/obesidade (IMC > 25 kg/m²). A avaliação da permeabilidade intestinal foi realizada por meio do teste lactulose/manitol. As amostras de soro de alfa-tocoferol foram analisadas de acordo com o método de Ortega et al (1998) e adaptado por Ribeiro et al (2016). As amostras de urina e soro foram analisadas por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Correlações entre IMC, parâmetros da BMI e vitamina E, foram realizadas utilizando as correlações de Pearson (r) e Spearman (ρ). A razão Lactulose/Manitol (L/M) foi similar entre os grupos estudados (p = 0,180) e apresentou mediana de 0,028 (0,013; 0,061) no grupo dos eutróficos e 0,020 (0,010; 0,036) no grupo com sobrepeso/obesidade. As concentrações séricas de alfa-tocoferol não apresentaram diferença entre os grupos estudados (p = 0,654). A deficiência de vitamina E esteve presente em 30,20% dos indivíduos com sobrepeso/obesidade e 28,10% dos eutróficos. No grupo com sobrepeso/obesidade, o IMC apresentou correlações positivas com a insulina (ρ = 0,475, p = 0,000), o HOMA-IR (ρ = 0,425, p = 0,005), o HOMA-B (ρ = 0,609, p = 0,000) e o PCR-us (ρ = 0,328, p = 0,032). O percentual de lactulose apresentou uma correlação positiva com o HDL (ρ = 0,347, p = 0,028), assim como a razão L/M (ρ = 0,418, p = 0,008). Já o percentual de manitol demonstrou uma correlação negativa com o HDL (ρ = - 0,371, p = 0,014) e uma correlação positiva com a glicemia de jejum (ρ = 0,367, p = 0,020). Os resultados mostraram que não houve alteração da função da BMI e do status de vitamina E nos participantes com sobrepeso e obesidade quando comparado ao grupo dos eutróficos. Entretanto, as variáveis do perfil bioquímico se correlacionaram com os parâmetros da BMI, indicando inflamação de baixo grau e alterações metabólicas advindas do excesso de peso.