Validação de equações de bioimpedância elétrica e antropometria para determinação da composição corporal de praticantes de ballet clássico.
Composição corporal; DXA; Bioimpedância elétrica; Antropometria; Dança.
A composição corporal de um indivíduo está diretamente relacionada com o desempenho desportivo, sendo possível sua avaliação por diferentes métodos. A absorciometria por dupla energia de raios X (DXA) é considerada um método de referência, e a bioimpedância elétrica (BIA) e antropometria métodos mais acessíveis, porém dependentes da utilização de equações de predição adequadas para a estimativa da massa livre de gordura (MLG) ou massa gorda (MG). Diferentes equações para populações distintas são encontradas na literatura, porém não foram encontradas equações específicas para bailarinas brasileiras, apesar da reconhecida importância da avaliação da composição corporal nessa população. O presente estudo propôs-se a validar equações de BIA e antropometria, comparando-as com a DXA, para praticantes de ballet clássico. Realizou-se um estudo transversal, com coletas de dados entre junho de 2016 e dezembro de 2017. Avaliaram-se adolescentes e adultas do gênero feminino praticantes de ballet clássico em um nível intermediário/avançado (n=31). Os exames de avaliação da composição corporal incluíram: avaliação de corpo total por meio da DXA, avaliação da BIA com uso de aparelho tetrapolar e avaliação antropométrica, incluindo peso, altura e oito dobras cutâneas. Foram utilizadas equações preditivas de MLG e MG encontradas na literatura, onde foram pesquisadas publicações de validação de equações preditivas, excluindo-se equações que envolviam faixas etárias diferentes do presente estudo e equações validadas apenas para o sexo masculino. Realizou-se a correlação entre os resultados de MLG ou MG dados pelas equações e pela DXA pela correlação de Spearman (r2) ou correlação de Pearson (r), conforme a normalidade dos dados. O one sample T-test foi usado para verificar se as diferenças médias entre os resultados das equações contra a DXA diferiam significativamente de zero. A concordância entre as diferentes equações e a DXA foi determinada através da análise de Bland-Altman, utilizando-se a regressão linear simples para testar a presença de viés proporcional entre as equações testadas e a DXA. A amostra estudada apresentou mediana de idade de 20 (11) anos e média de 28,23 (7,13)% de MG por meio da DXA. Apenas a equação de BIA proposta por Deurenberg (1991) para MLG em adolescentes de 7 a 15 anos mostrou uma boa concordância com a DXA (r = 0,960, p = 0,002, e one sample T-test p = 0,231), porém superestimou a MLG em média 2,44 (1,79)%, apresentando viés proporcional negativo (R2 = 0,915, beta = -0,965, p = 0,002). Para MG pela antropometria, a equação proposta por Durnin & Womersley (1974) apresentou boa concordância (r = 0,865, p = 0,000, e one sample T-test p =0,980), porém esta subestimou a MG em média -0,0271 (1,09)%, também apresentando viés proporcional negativo (R2 = 0,497, beta = -0,727, p = 0,001). Os resultados mostraram que nenhuma das equações preditivas analisadas se mostrou eficaz na avaliação da composição corporal das praticantes de ballet clássico estudadas, sendo necessária a proposição de equações específicas para essa população.