Biomarcadores precoces de doenças cardiovasculares: relação de biomoléculas e estado nutricional com a extensão da lesão aterosclerótica.
Ácido oléico, expressão gênica, doença cardiovascular, aterosclerose, índice de Friesinger, ECHDC3, consumo alimentar e dietético, gordura visceral.
Introdução: A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de óbitos em todo o mundo e pode ser desencadeada por alterações no perfil sérico de ácidos graxos, por padrões de expressão gênica, mudanças no consumo alimentar e dietético e desequilíbrios antropométricos. O diagnóstico precoce desta fisiopatologia é um desafio na medicina translacional, visto que os métodos utilizados são onerosos e/ou invasivos. Objetivos: Identificar biomarcadores para o diagnóstico precoce das doenças cardiovasculares por meio da relação de biomoléculas (ácidos graxos e ECDHC3) e do estado nutricional (antropometria, consumo alimentar e dietético) com as extensões da lesão aterosclerótica. Metodologia: Realizou-se um estudo observacional, com a amostragem coletada por conveniência em duas casuísticas no setor de Hemodinâmica do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), na primeira participam 59 pacientes (n1, 2011-2013) e na segunda 41 indivíduos (n2, 2014-2015), ambos com idade entre 30-74 anos e que estavam realizando pela primeira vez a cinecoronariografia. Determinou-se a extensão das lesões ateroscleróticas por meio do índice de Friesinger, o perfil bioquímico por espectrofotômetro semiautomatizado; concentração sérica de ácidos graxos pela cromatografia gasosa; expressão do mRNA do ECHDC3 pela PCR em tempo real; consumo alimentar e dietético por dois recordatórios de 24h; e parâmetros antropométricos pela balança de bioimpedância elétrica, fita métrica e estadiômetro. Resultados: Os pacientes foram classificados em grupos: sem lesão (n1=18/n2 =8), poucas lesões (n1=17/n2=6), lesões intermediárias (n1=17/n2=15) e lesões graves (n1=7/n2=12). Elevadas concentrações séricas de ácido oléico e ácidos graxos monoinsaturados foram observados nos pacientes com poucas lesões e intermediárias, quando comparado com pacientes sem lesão (p<0,05). A expressão do ECHDC3 foi 1,2 vezes mais alta em pacientes com poucas lesões que em pacientes sem lesão (p=0,023), e 1,8 vezes mais baixa em pacientes com lesão grave que em pacientes sem lesão (p=0,020). Na segunda casuística, a expressão do ECHDC3 foi 1,93 mais alta em pacientes com lesão intermediária do que com poucas lesões (p = 0.011) e 1,91 vezes mais alta em pacientes com lesão grave que em poucas lesões (p = 0.013). A análise de Spearman mostrou uma correlação positiva entre os grupos de Friesinger com a expressão do ECHDC3 (r = 0.327, p =0.037 ), mas negativa com o consumo de zinco (r = -0.317, p=0.044 ). A expressão do ECHDC3 foi correlacionada positivamente com o percentual de gordura visceral (r = 0.416, p =0.009) e esta foi correlacionado positivamente com a proteína (r = 0.392, p =0.015). O consumo de proteína teve uma forte correlação com o consumo de zinco (r = 0.807, p< 0.001). Conclusões: Verificou-se que o ácido oléico sérico, a expressão do ECHDC3, o percentual de gordura visceral, o consumo de proteína podem estar envolvidos com a progressão da DCV, enquanto que o baixo consumo de zinco pode influenciar a extensão da lesão aterosclerótica.