A ORALIDADE EM SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL: DA ANÁLISE DE ATIVIDADES A UMA PROPOSTA DE TRABALHO
Palavras-chave: Oralidade; Língua Portuguesa; Ensino Fundamental
Os novos paradigmas que ora orientam o ensino de Língua Portuguesa (LP) são reflexos das teorias linguísticas que vem se desenvolvendo ao longo dos anos nos centros acadêmicos e que acabaram por negar velhos conceitos que fundamentavam o ensino nesta área. O processo de ensino e aprendizagem, antes centrado nas atividades de metalinguagem, passou por uma grande “reviravolta”. Nesta renovação paradigmática, a ampliação da competência discursiva do aluno, tendo em vista as práticas sociais de linguagem que se estabelecem dentro e fora dos muros escolares, passou a ser ponto de convergência do ensino de LP, de modo que todas as atividades favorecessem a esta ampliação. Nesta perspectiva, a oralidade, que até então era utilizada apenas como um instrumento que permitia a interação entre os sujeitos em sala de aula, passou a ser também privilegiada nos estudos, propiciando aos alunos não somente desenvolverem práticas sociais nessa modalidade, mas compreenderem aspectos inerentes a cada uma delas. Há indícios, porém, que mostram que essas mudanças à luz das novas teorias, especialmente as que se voltaram para a inserção da oralidade no ensino de LP, ficaram restritas ao plano abstrato do discurso, não se materializando na prática pedagógica dos docentes. Assim, esta pesquisa se propõe primeiro, a obtenção de dados que permitiam traçar um perfil do ensino da oralidade em aulas de LP; para isso, buscar-se-ão métodos da pesquisa qualitativa, priorizando-se alguns aspectos da abordagem etnográfica e do estudo de caso. Nessa direção, utilizar-se-á de técnicas da observação direta e de anotações em diários de campo, em aulas de Língua Portuguesa, em uma sala de 7º ano. Em segundo lugar, este trabalho buscará inspiração em alguns pontos da pesquisa-ação, já que se pretende propor algumas alternativas de atividades pedagógicas com a modalidade oral da língua, a partir dos dados obtidos em sala de aula. Desse modo, procurar-se-á responder as seguintes questões: que aspectos da oralidade estão sendo enfatizados nas aulas de LP? Há propostas de atividades sistematizadas e planejadas com textos orais? A forma como o professor conduz as atividades favorece a ampliação da competência discursiva oral dos alunos? Como objetivo geral desta pesquisa, buscar-se-á refletir acerca de teorias linguísticas que argumentam em favor da inserção da oralidade na sala de aula, apontando encaminhamentos para que os professores de LP possam aplicá-las, buscando a melhoria do desempenho discursivo dos alunos. Para tanto, dentre os postulados teóricos que nos ofereceram suporte nesta tarefa destacam-se as pesquisas de, Ramos (1997); Schneuwly e Dolz (2004); Dolz, Schneuwly e Haller (2004); Dolz, Schneuwly e Pietro (2004); Marcuschi (2005); Cavalcante e Melo (2007); Marcuschi (2010); Ávila, Nascimento e Gois (2012); Fávero, Andrade e Aquino (2012); Lima e Beserra (2012); Melo, Marcuschi e Cavalcante (2012); Santos, Costa-Maciel e Barbosa (2012); Nascimento, Silva e Lima (2012); Koch (2013) e Castilho (2014). Estes trabalhos situam-se em perspectivas interacionais de investigação, os quais adotam uma postura de língua enquanto interação concretizada nas práticas sociais, as quais podem ser observadas dentro e fora da sala de aula.