Aquisição de competências essenciais em Medicina de Família e Comunidade: fortalezas e dificuldades num Programa de Residência Médica
educação médica; atenção primária a saúde; residência médica; medicina de família e comunidade; competências.
Introdução: A formação na medicina de família e comunidade (MFC) envolve um conjunto de competências complexo. A SBMFC desenvolveu um currículo baseado em competências frente do cenário de expansão dos programas de residência em MFC no Brasil, de forma a nortear a formação de jovens médicos de família. Esse trabalho teve o objetivo de entender quais são os fatores facilitadores e limitantes na aquisição de competências durante a residência em MFC. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, observacional e analítico, com questionário virtual estruturado aplicado a residentes de MFC egressos do programa de residência do Hospital Universitário Onofre Lopes (PRHUOL) desde 2016, com perguntas sobre dados sócio-demográficos e auto avaliação sobre a aquisição das competências essenciais descritas no Currículo Baseado em Competências (CBC) da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). Também foram realizadas entrevistas individuais com os egressos do PRHUOL, de forma a aprofundar o entendimento sobre o processo de aquisição de competências na residência. Resultados: Foram entrevistados um total de 7 egressos, e 9 responderam ao questionário virtual, correspondendo aos residentes que encerraram o programa entre março de 2016 a fevereiro de 2019. As unidades de análise das entrevistas foram agrupadas em 5 categorias a priori (Competências da MFC a serem abordadas durante a residência; Fatores que influenciaram no desenvolvimento das competências da MFC; Competências em habilidades de comunicação no PRHUOL; Competências em raciocínio clínico no PRHUOL) e 1 categoria a posteriori (Análise propositiva sobre o PRHUOL). Discussão: O CBC da SBMFC foi percebido pelos egressos da MFC como instrumento conhecido e aplicado no PRHUOL, tanto que as competências citadas nas entrevistas estão em consonância com as categorias encontradas no currículo citado. O contato com a preceptoria e a importância do preceptor no desenvolvimento dessas competências consistiram falas bem recorrentes em todas as entrevistas, sendo denotado como facilitador importante para o desenvolvimento do residente durante o programa; a autonomia do residente também citada com frequência no sentido de ser um quesito fundamental para a aquisição de competências e melhor aproveitamento do programa de residência, o que corrobora com a aprendizagem de adultos e traz desafios para a preceptoria e para o planejamento dos espaços teórico-práticos e avaliativos, além dos cenários de prática. Conclusões: É incontestável o valor da preceptoria na percepção dos egressos da MFC do PRHUOL e o quanto as fragilidades relacionadas a quantidade de preceptores e ao tipo de vínculo deles impactam diretamente na aquisição de competências essenciais da MFC. A reforma do programa de residência, com maior clareza das competências a serem atingidas durante os dois anos de formação, associada a melhor interlocução ensino-serviço e estruturação da Rede de Atenção a Saúde em Natal, e finalmente a valorização da figura do preceptor, podem trazer inúmeros benefícios e desafios ao sistema de saúde do município.