PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE, DISCENTES E USUÁRIOS SOBRE A COMUNICAÇÃO COM INDIVÍDUOS COM DÉFICIT AUDITIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA.
Libras, Surdez, Inclusão social
O estudo teve como objetivo identificar nos profissionais e estudantes dos cursos da área da saúde que atuam em uma Unidade Básica de saúde na cidade do Natal/RN a sua percepção frente ao atendimento de pacientes deficientes auditivos, bem com as necessidades da população com déficit auditivo em relação à assistência à saúde. Trata-se de um estudo transversal, exploratório, descritivo, realizado no período de abril a julho de 2014, com uma população composta por 21 profissionais de saúde, 17 estudantes e 8 usuários surdos. Para o levantamento dos dados foi utilizado um questionário estruturado composto por questões (abertas e fechadas) aplicado aos grupos formados por profissionais da saúde (médico, dentista, enfermeiro e agentes de saúde) e estudantes dos cursos de medicina, enfermagem, educação física, nutrição e serviço social. Os profissionais/estudantes responderam ao questionário semiestruturado contendo perguntas abertas e fechadas acera das possíveis dificuldades enfrentadas no atendimento ao deficiente auditivo e surdo. A coleta de dados com os usuários surdos foi realizada através de entrevista filmada para que a Língua brasileira de Sinais (Libras) pudesse ser interpretada da para o português pelo pesquisador. Com estes últimos foi realizado um levantamento de suas reações ao procurar um atendimento no serviço de saúde. Já o perfil de identificação dos sujeitos foi analisado por meio da estatística descritiva simples (frequências absolutas e relativas). As questões abertas foram analisadas através da técnica de análise de conteúdo a qual permitiu o processo de categorização preservando todos os aspectos levantados na discussão de forma que as falas foram representativas da totalidade. Os profissionais e estudantes no que se refere à atitude utilizada para se comunicar com possíveis pacientes surdos emergiram as seguintes categorias: a “escrita”, os “gestos” e o “auxilio a terceiros”. Já os surdos quando questionados sobre suas experiências ao buscar atendimento em saúde, as categorias elucidadas foram: “qualidade da assistência ao deficiente auditivo”, “adequação da comunicação com o deficiente auditivo” e “dependência de terceiros”. As questões fechadas foram mensuradas e adaptadas a Escala de Likert em 5 graus de variação, que compuseram três destas questões: grau de dificuldade na comunicação ao atender um paciente com déficit auditivo (mínima a grande dificuldade); sentimento de conforto para utilizar a língua de sinais (mínimo a grande desconforto); e conhecimento sobre a Lei 10.436, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) (baixo conhecimento a totalmente esclarecido). Os dados coletados com os profissionais e estudantes revelaram certo desconhecimento e desconforto no atendimento em saúde aos pacientes surdos, realidade também evidenciada na opinião dos surdos participantes. Este estudo permitiu identificar problemas na comunicação, resultando em consequências negativas no atendimento a essa população. Este diagnóstico poderá ser relevante para elaboração de políticas públicas e diretrizes curriculares essenciais à formação dos profissionais da saúde, inclusão e melhoria da assistência aos surdos.