ARTICULAÇÃO DE VOZES NA ESCRITA DO PESQUISADOR EM FORMAÇÃO: uma análise sobre os processos de produção escrita acadêmica
Escrita acadêmica. Arranjos linguísticos. Alusão. Paráfrase. Simulacro.
Esta pesquisa tem como objeto de estudo arranjos linguísticos que engendram os discursos no processo de produção escrita do pesquisador em formação. Partindoda perspectiva de que a heterogeneidade é fundante em relação à escrita acadêmica, de modo que o escrever vai além da linguagem apreendida pelas palavras e observável na materialidade da língua, elaboramos a questão de pesquisa: de que modo se constituem os processos de produção escrita acadêmica por meio de arranjos linguísticos vistos pela materialidade da língua? Nossa hipótese é que a produção escrita acadêmica – um processo discursivo que se constitui por meio de arranjos linguísticos que engendram os discursos na escrita de dissertação de mestrado – pode ser observada: ora por meio de paráfrase, ora de alusão, ora de simulacro. A heterogeneidade, que própria da língua,carrega marcas do outro na materialidade do texto que deixam flagrar o lugar de enunciação do pesquisador em formação. Nosso objetivo geral é investigar como arranjos linguísticos, articulados pelo pesquisador em formação, engendram as diferentes vozes no processo de produção escrita acadêmica.Osobjetivos específicos são: a) analisar como o pesquisador em formação, por meio de paráfrase, articula as diferentes vozes no processo de produção escrita acadêmica; b) observar como o pesquisador em formação engendra as diferentes vozes na escrita; c) verificar em que medida o modo como as vozes são articuladas indicia especificidades na escrita do pesquisador em formação; d) investigar como se constitui o simulacro, efeito da articulação de vozes por meio da inserção do outro. Fundamentamo-nos em estudos enunciativos de Authier-Revuz (1990; 1998; 2004; 2011) sobre as formas heterogêneas de inserção do outro no discurso pelas formas de alusão, e paráfrase de Fuchs (1985), e simulacro de Baudrillard (1981). Tomamos como corpus, duas dissertações de mestrado, coletadas em programas de pós-graduação da área de Linguística do Portal de Domínio Público. Tratamos metodologicamente os arranjos linguísticos como indícios (GINZBURG, 1981) que deixam ver a articulação de vozes inscritas e categorizar os processos produção de escrita acadêmica. Os resultados confirmam a hipótese levantada e mostram que, pela materialidade da escrita, é possível observar diferentes arranjos linguísticos definidos a partir das formas de articulação do outro mobilizado pelo pesquisador em formação, na escrita de dissertação de mestrado.