MELANCOLIA, PERDA DO IDEAL E SUBLIMAÇÃO EM TRISTRAM SHANDY
Palavras-chave: Tristram Shandy; Melancolia; Humor; Sublimação; Perda do ideal.
Esta tese tem por objetivo analisar o romance A vida e as opiniões do cavalheiro
Tristram Shandy, escrito pelo autor irlandês Laurence Sterne (1713-1768) em 1760,
sob a ótica da melancolia. Embora a obra de Sterne seja mais conhecida pelo seu
caráter humorístico e irreverente, é possível observar que, por trás do seu humor,
existem características, tanto em seu protagonista Tristram como em diversos
aspectos da própria escrita do livro (como sua narrativa fragmentada e
aparentemente desprovida de sentido), que revelam um lado mais triste e
melancólico que pode passar despercebido pelo leitor; assim sendo, iremos nos
aprofundar nesse aspecto melancólico do personagem e como a melancolia se
manifesta na escrita do romance. Também faremos uma análise do personagem
Walter Shandy, pai do protagonista, aplicando o conceito de Sigmund Freud (1856-
1939) da perda do ideal, de modo a compreendermos melhor como tal perda
contribuiu para a condição melancólica do seu filho. Além disso, também
pretendemos demonstrar como Tristram utiliza a galhofa e o humor para combater a
tristeza, utilizando o processo de sublimação. Para trazer os aspectos melancólicos
da obra de Sterne à tona, faremos uso das famosas obras de Freud, Luto e
Melancolia (2020) e O mal-estar na civilização (2011), além do livro de Sandra Eller
Luto e Melancolia: A sombra do espetáculo (2012), no qual a autora analisa a fundo
o texto de Freud, entre outros trabalhos que abordam a melancolia. Ademais,
também faremos uso de diversos livros, artigos e textos teóricos para fundamentar
nossa pesquisa, como os textos introdutórios das edições brasileira e portuguesa de
Tristram Shandy, dos autores José Paulo Paes (2006) e Manuel Portela (1997),
além dos trabalhos de Sergio Paulo Rouanet (2007), Maria Rita Kehl (2009), Jean
Starobinski (2016), Luiz Costa Lima (2017), Karina Chianca (2016), entre outros. Por
meio desta pesquisa, podemos concluir que a melancolia não apenas está presente
como um elemento estruturante da narrativa de Tristram Shandy, mas também como
um elemento que em diversas vezes incita um humor peculiar na obra, tornando-a
ainda mais fascinante e atemporal.