O UNIVERSO DE ORÏSHA: AS REPRESENTAÇÕES DA VIOLÊNCIA EM FILHOS DE SANGUE E OSSO DE TOMI ADEYEMI
Representações da violência; autodefesa; Filhos de sangue e osso; vidas enlutáveis.
Filhos de sangue e osso (2018) é uma ficção do gênero fantasia, ambientada na África Ocidental, mais especificamente na Nigéria, país de origem da escritora afro-americana, Tomi Adeyemi. A violência na obra se instaura a partir do massacre da população de maji, uma atrocidade que fica conhecida como, a Ofensiva. Assim, este trabalho tem como objetivo principal analisar as representações da violência na obra, bem como as simbologias que retratam os povos escravizados ao mesmo tempo em que resgata a identidade afro no universo fantástico de Orïsha. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativa, com embasamento teórico em Benjamin (2013) sobre como a violência surge e se instala, Butler (2021) que discorre a respeito da não violência como fator invocador da resistência para enfrentar o seu dominador e o direito ao luto, Dorlin (2020), no tocante à autodefesa como arma para defender as minorias majoritárias; Bakhtin (1998) para abordar a estética da obra, Chevalier; Gheerbrant (2022) para identificar os artefatos simbólicos presentes, entre outros. Os personagens que representam os divinais sofrem violência psicológica, física e simbólica, são oprimidos tal qual os povos escravizados, sem direito à legítima defesa, ao luto, a nada. Desse modo, percebe-se que a obra é mais que uma ficção do gênero fantasia, é uma narrativa que em sua completitude emerge indagações de cunho social. A violência sofrida pelos divinais provoca questionamentos relacionados ao racismo, divisão de classe e relação de poder, comuns em uma sociedade desigual.