A NARRATIVA SEM PONTEIROS: O TEMPO NA FICÇÃO ROMANESCA DE MOACIR COSTA LOPES
Tempo e narrativa; Romancista do tempo; Ficção brasileira; Moacir
Costa Lopes.
A presença do mar na ficção narrativa de Moacir Costa Lopes levou Jorge Amado a
chamá-lo, no texto de apresentação de umas das edições de Maria de cada porto, de
Romancista do Mar, alcunha pela qual Lopes permanece conhecido até hoje entre seus
leitores e os estudiosos de sua obra. Há, contudo, outro título que, com justiça, poderia
ser atribuído ao escritor, dada a importância que o elemento que o nomeia assume na
ficção por ele produzida: Romancista do tempo. Isso se deve ao fato de Lopes –
notadamente em virtude do fascínio que ele afirmou sentir pelo tempo – tê-lo explorado
de modo amplo e diverso em suas narrativas, tanto no plano da forma quanto no plano
do conteúdo. Nesse sentido, este estudo objetiva analisar a configuração temporal na
ficção romanesca do autor e a importância que ela assume para a construção de seus
sentidos. Assim, estudamos a categoria narratológica tempo em três romances de Lopes
– Maria de cada porto (1959), Belona, latitude noite (1968) e Onde repousam os
náufragos (2003) –, atentando para: a) o modo como ela se apresenta configurada
estruturalmente em cada uma dessas obras e b) o modo como a experiência do tempo,
em sua relação com a memória e a finitude, integra o universo representado nas
narrativas analisadas. Orientam nossas considerações os postulados de estudiosos da
temporalidade narrativa e de temáticas a ela relacionadas, como os de Mendilow (1972),
de Guida (2013), de Nunes (1988), de Genette (2017), de Meyerhoff (1976), de Ricoeur
(2010) entre outros. Os resultados da pesquisa serão apresentados ao fim de seu
desenvolvimento, quando procuraremos responder ao duplo questionamento que guia
nossa investigação: que aspectos da temporalidade a ficção de Lopes manifesta e em
que medida o tempo pode ser considerado uma das chaves de leitura de suas obras, a
ponto de podermos considerá-lo, no contexto literário nacional, como Romancista do
tempo?