Novas formações, velhas práticas: o discurso tecnicista no ensino de sequências didáticas nas Dissertações do ProfLetras
Palavras-chave: Sequências didáticas. Concepção técnica. Saber/poder. Práticas de repetição/reprodução. Constituição de Subjetividade. Ensino da escrita.
A presente tese filia-se à concepção teórica da Análise do Discurso (AD), perspectiva por meio da qual se busca compreender a produção escrita de sujeitos professores em condição de formação no Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras). Para tanto, intenta-se defender a hipótese de que as forças que conduzem os discursos se engendram, quase ocultamente, para manter o tecnicismo em atividade, por meio das Sequências Didáticas (SD), haja vista que as atuais propostas de ensino da escrita enfatizam uma abordagem única de texto para todos. Com base nessa hipótese, questiona-se: O ensino da escrita na universidade e na escola prioriza a concepção técnica, através das sequências didáticas como proposta de ensino da escrita? Como e qual é o movimento que controla e induz o ensino de Língua Portuguesa (LP) da década de 1960 tem se estabelecido até os dias atuais, estabelecendo o discurso pedagógico de que os gêneros, juntamente com as SD, se transformaram em palavras e práticas obrigatórias na sala de aula? O que constitui o discurso dos sujeitos professores do ProfLetras ao utilizar a SD como metodologia de ensino de LP na dissertação ao passo que exigem uma escrita de modo tão homogêneo, padronizada e idealizada? Quais os efeitos de sentido que subjetivam o ensino da escrita por meio de SD como se fossem verdades inconstestáveis de uma escrita igual para todos, onde os sujeitos professores estão constituídos por um discurso cada vez mais técnico que controla e induz para um único modo de escrita? O objetivo desta pesquisa é problematizar como os discursos de verdades, através das regularidades discursivas, se formam para a constituição de suas subjetividades, ao investigar que forças atuam no discurso das SD utilizadas como metodologia de ensino de LP, elaboradas pelos sujeitos professores do ProfLetras, a partir dos resíduos que reportam e que impelem a práticas discursivas de controle e condução da conduta do professor o que remete a concepção tecnicista de ensino. Como objeto de estudo, analisaremos o discurso de verdade dos sujeitos professores em condição de formação, materializadas em SD, para tanto temos como corpus 26 dissertações do ProfLetras. Para fundamentar a pesquisa, descrever, analisar e interpretar recorre-se a “Arqueologia do saber” que reflete as relações dos saberes fabricados, a “A ordem do discurso” que amplia a relação do poder/saber e o “O sujeito e o poder” que aborda a constituição das subjetividades (FOUCAULT, 1995; 2013; 2014a; 2014b, 2017). Nessa direção, acompanhamos Geraldi (1984; 1992; 2010, 2018) e Larrosa (2017; 2002) para nos remeter a importância da experiência, da escrita no contexto escolar. Os resultados revelam que ainda prevalece a presença de marcas oriundas da perspectiva da concepção tecnicista de linguagem engendrado na prática do sujeito professor em processo de formação. Em suma, encontramos um discurso tecnicista nas SD das dissertações o que decorre de práticas neoliberais que visam a condução da conduta através de rituais tecnicistas oriundos do discurso pedagógico que remete a um movimento regulador do ensino da escrita que tende a diminuir a experiência dos sujeitos professores para focar em práticas de repetição/reprodução que revelam modelos e receitas para manter o discurso de verdade que o poder/saber opera. Tais técnicas de controle e condução impedem a produção do conhecimento.