ARAR O ENSINO DE LITERATURA A CONTRAPELO: TORTO ARADO E SEU POTENCIAL PARA O LETRAMENTO LITERÁRIO
Torto Arado. Ensino de literatura. Literatura contemporânea. Escritas de resistência.
Um livro com tiragem de cinco mil costuma ser considerado um sucesso de vendas no Brasil. Por sua vez, Torto Arado já alcançou a marca de cem mil cópias vendidas, além de ter conquistado as principais premiações nacionais de romance. Um dos aspectos que se sobressai na justificativa desse êxito é o fato da literatura de Itamar Vieira Junior ser uma literatura das alteridades, dialogando diretamente com os postulados de Benjamin (1987b) ao propor “escovar a história a contrapelo”, que convida não apenas a pensar em uma inversão da ordem, mas a uma nova fundação da tradição dos oprimidos. Com este estudo, objetiva-se então, analisar o romance a partir de suas representações de resistência à barbárie (Benjamin, 1987a; 1987b) e das cicatrizes do colonialismo (Fanon, 1968) para a composição do discurso literário. Dessa interpretação, delimitam-se também apontamentos para um projeto de letramento levando em consideração um percurso didático-metodológico em que se valoriza a leitura literária como experiência (Bondía, 2002) e compreende a escuta ativa (Bajour, 2012) como importante método de apreensão da realidade por parte dos educandos. Diante das análises suscitadas, conclui-se que Torto Arado traz contribuições enriquecedoras para a formação humana ao se comprometer com um horizonte imaginativo revolucionário para/com os oprimidos, assim como, as temáticas formalizadas em seu discurso apresentam um terreno fecundo para uma educação literária crítica e libertadora.