LIQUEFEITA, OCEÂNICA: AS IMAGENS EVOCADAS PELA ÁGUA NA POÉTICA DE ZILA MAMEDE
Água; Poesia; Zila Mamede
A presença da água na literatura é tida como um fato carregado de simbologias. Esse elemento, além de ser percebido no texto literário sob diversas formas, pode assumir múltiplas funções no campo da geração de sentidos. Na obra poética de Zila Mamede, a água assume um protagonismo temático, que é sensivelmente perceptível, seja na evocação do mar, seja na presença de rios – secos ou em cheia –, açudes, chuvas etc. Nessa direção, objetivamos, com esta pesquisa, analisar quais e como são construídas as imagens evocadas pela água em três livros da autora supracitada. Para tanto, fizemos um recorte na sua obra e selecionamos nove poemas que representarão as publicações feitas ao longo da década de 1950 – Rosa de pedra (1953), Salinas (1958) e O arado (1959). Assim, amparados por Bachelard (1997), observaremos a pluralidade de possibilidades de leituras da presença da água no corpus selecionado; com o apoio de Adorno (2012) e Candido (2006) estabeleceremos relações entre o texto poético e a sociedade, considerando o seu contexto de produção e os ecos dessa produção; resgatando as colocações de Bosi (1994) e Ricoeur (2007) observaremos como a memória é um signo construído a partir da presença da água, principalmente nos poemas do primeiro livro publicado por Zila Mamede; guiados por Pinheiro (2012), Alves (2006) e Aquino (2005) recuperaremos leituras da obra mamediana, para, nelas, apoiarmos a nossa discussão e para, também, ampliarmos as suas vozes. Com a pesquisa em andamento, percebemos que, nos poemas selecionados, a água evoca memórias infantis, marca a passagem do tempo, indica uma evidente sensualidade humana e atua, em poemas distintos, como símbolo de esperança, de purificação e de opressão.