DEBATES DE UMA MULHER PROFANA: UMA ANÁLISE DIALÓGICA DA CONSTRUÇÃO DE BELLA SWAN NA FIC BLOODY LIPS
Fanfiction. Construção da personagem. Discursos sociais. Mulher.
Esta pesquisa realiza uma investigação acerca da constituição da personagem Isabella Swan na fanfiction (ficção de fã) Bloody Lips. Com base nos estudos do Círculo de Bakhtin (2011, 2015a, 2015b, 2016), considera a fanfic como um texto que está em dialogia com uma matriz, essa relação é indissociável, pois o sentido daquele só pode ser estabelecido por essa ligação. Além disso, os sujeitos que realizam essa prática escriturística subvertem os textos matrizes, a fim de inserirem suas marcas de subjetividade nessa matriz. Assim, personagens, universos narrativos e enredos são apropriados e moldados a partir dos posicionamentos valorativos e ideológicos dos fãs. Nesta pesquisa, o foco é a construção da personagem feminina, por refratar os discursos sociais acerca da mulher bem como a constituição da personagem no texto matriz (Saga Crepúsculo, escrita por Stephanie Meyer). Para compreender o processo de construção da personagem, foram utilizados os pressupostos teórico-metodológicos do Círculo de Bakhtin, principalmente, no que concerne a prima filosofia, a linguagem, ao enunciado concreto, as relações dialógicas, a bivocalidade e a constituição do sujeitos (a noção de acabamento e incompletude). Além disso, as discussões de Henry Jenkins (2009; 2015), sobre fandom e as práticas dos fãs, e Anne Jamison (2017) acerca da constituição histórica da fanfic foram somadas a discussão. Para completar o arcabouço teórico da pesquisa, os estudos feministas, com ênfase, nos textos de Heleieth Saffioti (1987) e Naomi Wolf (1992) foram introduzidos. A opção pelo uso de estudos de diferentes áreas é justificado por esta pesquisa estar inserida na Linguística Aplicada, área do conhecimento em que as pesquisas são realizadas nas fronteiras com outras áreas das Ciências Humanas. Ao fim, esta pesquisa compreende que Isabella Swan, em Bloody Lips, é um sujeito em construção que se completa em suas relações com os outros (BAKHTIN, 2011) e, por isso, é multifacetada e heterodiscursiva (BAKHTIN, 2015b).