A jornada do herói inacabado no Young Adult: sujeitos juvenis e personagens ficcionais contra a Agenda Homo Sapiens
Young Adult. Sujeito juvenil. A culpa é das estrelas. Identidade inacabada. Reelaboração.
Esta dissertação tem como propósito explicar o processo de acabamento identitário no Young Adult, e como este revela aspectos constitutivos da juventude contemporânea. A partir dos dados das três últimas edições da pesquisa Retratos da leitura no Brasil (2007, 2011, 2016) é evidente o aparecimento de séries e sagas que marcam o início da trajetória leitora de muitos sujeitos juvenis e os acompanham ao longo dela. Na última edição da pesquisa um dos livros com maior número de leitores foi A Culpa é das Estrelas (2012), do autor John Green, obra que foge das narrativas com teor fantástico e distópico para retratar a realidade juvenil e suas problemáticas identitárias de forma muito próxima aos eventos do mundo da vida. Na tentativa de compreender o contexto em que surge esse gênero, o corpo do trabalho é constituído teórico-metodologicamente pela teoria Bakhtiniana, sobretudo as discussões em torno do cronotopo (2018b), reelaboração (2011), dialogismo (2011) corpo grotesco (2010) e alteridade (2011), sendo esta última fundamental para que se cunhe neste trabalho a definição de identidade inacabada. Junta-se a Bakhtin o seu companheiro de pesquisa Volòchinov (2017), responsável por oferecer aqui os trajetos que ligam este trabalho aos pressupostos do marxismo (MARX & ENGELS, 2017). Além disso, as discussões de Henry Jenkins (2009; 2014; 2015), BAUMAN (2001; 2018), Byung-Chul Han (2017a; 2017b; 2017c) e Milton Santos (2002), favorecem o estudo dos sujeitos em análise como situados em determinado tempo. Em sequência, para complementar o material teórico da pesquisa, os estudos do corpo (LOURO, 2017a), dos sujeitos juvenis (DAYRELL, 2003; MAFFESOLI, 2005) e das práticas de leitura (CERTEAU, 2014). A junção de diversas áreas das ciências humanas se justifica pela inserção desta pesquisa na Linguística Aplicada, área indisciplinar (MOITA LOPES, 2006) em que o diálogo com as outras áreas é essencial para um protagonismo ainda maior dos sujeitos pesquisados. A construção dos dados, deu-se a partir do enfoque da pesquisa qualitativo-interpretativista a partir do paradigma indiciário de Ginzburg (1989). Ao final desta pesquisa, é evidente a proximidade entre as identidades dos heróis do Young Adult com a identidade de seus leitores, o que resulta em leituras com desdobramentos que perfuram a fronteira entre mundo da vida e da arte.