O imaginário cultural haitiano em Pays sans chapeau (1997) de Dany Laferrière: entre o fantástico e o Maravilhoso.
Dany Laferrière, Literatura Quebequense Haitiana, Fantástico e Realismo Maravilhoso, Imaginário.
A presente proposta de investigação direciona a atenção ao trabalho de Dany Laferrière, como escritor americano que defende uma literatura mundial, mas que detém certas tradições referentes à cultura da sua pátria materna. Focamo-nos especificamente em Pays sans chapeau (1997). Partimos do pressuposto que o autor teve como finalidade propor reflexões acerca do imaginário cultural haitiano, com a intenção de trabalhar e problematizar uma identidade espiritual ancestral de seu país (KWATERKO, 2002), fazendo uso das métricas dos gêneros literários Fantástico e Maravilhoso. Assim, objetivamos promover um debate acerca das funções estéticas desses gêneros em paralelo as discussões do imaginário. Inicialmente contextualizamos o autor Dany Laferrière, seu percurso pessoal e profissional, e sua escrita pós-moderna. Apresentamos parte de suas produções, com a intenção de construir o trajeto do narrador-personagem Vieux Os e evidenciar o uso frequente do insólito nas narrativas que possuem conexão com nosso corpus. Posteriormente, procuramos estabelecer uma definição de Imaginário, nos apoiamos nas ideias de Durand (1989), Laplantine e Trindade (1997). Analisamos as imagens do Zumbi e os mitologemas presentes na obra. Por último, nos concentramos nos debates acerca dos gêneros Literários Fantástico, Fantástico-Maravilhoso, Fantástico-Estranho e Realismo Maravilhoso, nos apoiando em Todorov (1970; 2013) e Chiampi (1980). Os resultados de nossa pesquisa demonstram que as hesitações fantásticas são primordiais para o estabelecimento dos subgêneros do Fantástico e do Realismo Maravilhoso, a presença desse segundo colabora para uma discussão sociocultural do imaginário.