O espaço utópico em La guerra del fin del mundo
Utopia. Milenarismo. Intertextualidade. Mario Vargas Llosa. La Guerra del Fin del Mundo.
Para Pedro Henríquez Ureña (1978) “a utopia é o motor da história e no caso da América Latina, onde o caos e o desconcerto predominam, só sua luz pode indicar o caminho da esperança aos espíritos cansados”. A partir dessa afirmação desenvolvemos esta dissertação com o objetivo de analisar a obra La Guerra del Fin del Mundo (2010), do escritor peruano Mario Vargas Llosa, cujo plano de fundo se revela a Guerra de Canudos (1896-1897). O principal objetivo da pesquisa constitui-se na identificação e na análise das utopias presentes na obra. Para tanto, utilizaremos como aporte teórico os estudos de Fernando Aínsa (1990) e de Thierry Paquot (1999) como referências para realizar tanto o mapeamento das utopias quanto a discussão das mesmas. O estudo, assim, contará com a seguinte organização: em primeiro lugar procuraremos localizar a obra no contexto da literatura hispano-americana a partir de meados do século XX, enfocando o diálogo produzido pelo autor entre a literatura e os eventos históricos que formam o palco em que o enredo se desenvolve; em seguida apontaremos elementos intertextuais (KRISTEVA, 2012) encontrados na obra de Vargas Llosa (2010) com a narrativa que deu suporte à obra, isto é, Os Sertões (1902) de Euclides da Cunha; finalmente discutiremos o conceito de utopia, com destaque para a utopia da Justiça Social, também denominada de Milenarismo, já suposta no próprio título do livro. Para esse tema, toma-se como base os estudos de Jean Delumeau (1997) e de Hilário Franco Jr. (1992), que apontam o Milenarismo como a espera de um reino deste mundo, de um paraíso terrestre reencontrado, à espera de um messias que deve instaurar um “reino de paz que antecede o Juízo Final”. Dessa maneira, o Milenarismo se relaciona à utopia do Paraíso, também abordada no trabalho.