RIMA DE MINA: UM OLHAR SOBRE O DISCURSO DE EMPODERAMENTO FEMININO NO RAP DO NORDESTE
Análise do Discurso; Empoderamento feminino; Rap; Mulheres; Nordeste.
É de geral conhecimento que os discursos, por demais heterogêneos quanto a suas vertentes ideológicas e/ou artísticas, pincelam um feixe de inquietações próprias de seu espaço-tempo e não só as apresentam como também as questionam. Os enunciados que os sustentam são, haja vista um século XXI mergulhado na agilidade interativa dos veículos comunicativos, fontes plenas e cada vez mais turbulentas de perguntas e respostas. Dessa dinâmica, ecoam as canções de rap em suas expressividades características, ao demarcarem uma estética-poética particular, como também ao estimularem debates repensando as fronteiras herdadas das clivagens identitárias de gênero. Assim, dos enlaces entre o inventivo, a rima e a música com as experiências vivas do cotidiano, nasce essa pesquisa, a qual perpassa confluências teóricas e práticas para chegar ao desdobramento de uma proposição maior: a de pensar a representação das mulheres nordestinas — aqui inscritas pelos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco — dentro da cultura hip hop no que se refere ao rap como prática discursiva. A abordagem da investigação se ampara num paradigma qualitativo (CHIZZOTTI, 2005) e interpretativista (MOITA LOPES, 1994), vinculado ao campo da Linguística Aplicada. Esse trabalho objetiva, assim, problematizar o discurso de empoderamento feminino em suas relações interdiscursivas e na configuração contemporânea das cenas enunciativas (MAINGUENEAU, 1997; 2006; 2008; 2013) em três canções de rap dos grupos Caboclas MC’s (RN), Donas (PE) e Sinta a Liga Crew (PB). Para cumprir com essa proposta, tomo de suporte um vasto arcabouço teórico-metodológico que conjuga a Análise de Discurso de linha francesa com estudos em desenvolvimento nas esferas das questões de gênero, das relações de poder, das noções de empoderamento, das identidades cambiantes e do movimento hip hop com foco no elemento rap.