MEMÓRIAS DE LEITOR: DIÁRIO E FICÇÃO EM LUÍS DA CÂMARA CASCUDO
Diário; Ficção; Memória; Velhice; Cascudo
Propomos, com esta pesquisa, uma leitura dialógica, a quatro vozes, do corpus constituído por Na ronda do tempo; Ontem: maginações e notas de um professor de província; Pequeno manual do doente aprendiz e Prelúdio e fuga do real, obras do escritor norte-rio-grandense Luís da Câmara Cascudo. Dando continuidade à pesquisa anterior, enfatizamos a singularidade dessa obra complexa que é o Prelúdio e fuga do real e levantamos questionamentos a respeito da sua dupla natureza: ficcional e autobiográfica. Temos como objetivo principal analisar as relações dialógicas estabelecidas entre os livros de Luís da Câmara Cascudo originados dos seus diários íntimos e o Prelúdio, visando compreender o modo como se processa, neles, a interiorização do discurso do “outro” no espaço constituído pelas imbricações da ficção e do registro cotidiano e, mais extensamente, na interação entre as memórias de leituras e as memórias de vida. Observamos ainda as representações da velhice na escrita cascudiana a fim de perceber o posicionamento do autor em relação às mudanças vivenciadas em meados do século XX. Partimos, na constituição do corpus teórico, de estudos sobre o diário íntimo (BLANCHOT, 1997, 2011) e a concepção bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 1988; 1997; 2003), assim como de leituras acerca da memória e da velhice (BEAUVOIR, 1990; BOBBIO, 1997, 2005; BOSI,1987).