DO ROMANESCO À CENA: TRANSBORDAMENTOS INFINITOS EM QUERÔ, UMA REPORTAGEM MALDITA DE PLÍNIO MARCOS
Plínio Marcos; rapsódico; trágico do quotidiano; apropriação; adaptação.
Este trabalho busca fazer uma reflexão teórica de aspectos relativos às novas formas dramatúrgicas, em desenvolvimento no teatro brasileiro moderno e contemporâneo, trata-se de uma obra, com aportes de leitura advindos de dois campos estruturantes: a dramaturgia e a teoria crítica do teatro, com ênfase nos eixos que estruturam a narrativa e o drama em Querô, uma reportagem maldita, de Plínio Marcos (1992, 2003, 2009). Compara-se, neste percurso, a partir da adaptação do romance pelo próprio Plínio Marcos para o texto dramatúrgico e da apropriação, nos termos de Beigui (2006), que culmina no espetáculo, elaborada pelo grupo teatral de São Paulo, o Galpão Folias D’Arte, com o objetivo de discutir criticamente as leituras e construção dessas escritas. Nesse sentido, observou-se que o processo apropriativo resulta em uma forma dramatúrgica profundamente ligada às propostas de Jean-Pierre Sarrazac (2000, 2011, 2012), uma vez que aponta para o “rapsódico”, sobretudo porque se percebe nas várias leituras de Querô uma forma mais livre, cujos limites entre mimese e diegese estão tênues, como um conceito que amplia a mudança de paradigma, o “drama- da- vida” (termo do próprio Sarrazac). Assim sendo,pesquisa-se também sobre a romancização, uma vez que o conceito de “rapsódia”, pensado por Sarrazac (2002; 2012), de algum modo, está relacionado à discussão apresentada por Bakhtin (1998) sobre a “romancização”. De modo que esta Tese, incluída no âmbito dos estudos comparativos, devido apresentar um caráter intermidial, propõe se discutir, através da análise/comparação de Querô, os elementos do trágico em Querô, tendo em vista que, nela, defende-se a presença de um “trágico do quotidiano” bem como, conforme Sarrazac (2013), a presença do homem comum, o impersonagem que vai sustentar o princípio do trágico no autor trabalhado. Desse modo e considerando também a passagem da forma de narrar para a de mostrar, as inovações entre a narrativa, a dramaturgia e a cena articulam-se com o “teatro rapsódico”.