MOTIVAÇÕES COMPETIDORAS ENTRE A CONSTRUÇÃO RELATIVA NA VOZ PASSIVA E A CONSTRUÇÃO DE ADJETIVO DEVERBAL DE PARTICÍPIO PASSADO
Construção relativa na voz passiva. Construção de adjetivo deverbal de particípio passado. Motivações competidoras. Linguística Funcional Centrada no Uso. Gramática de Construções.
Um fenômeno recorrente no português brasileiro – e praticamente não investigado – é a suposta variação entre a construção relativa na voz passiva, como em “[d]a menina que foi queimada pelos sequestradores”, e a construção de adjetivo deverbal de particípio passado, como em “um congresso de jovens organizado pela diretoria da jubaleste”, ambas na função de modificador nominal. Mesmo que, tradicionalmente, tais construções sejam vistas como intercambiáveis, percebemos que elas apresentam propriedades formais distintas e desempenham funções semântico-cognitivas e discursivo-pragmáticas diferentes. Em razão disso, o foco central deste trabalho é a construção relativa na voz passiva (CRVP) e a construção de adjetivo deverbal de particípio passado (CAPP). Nosso objetivo é identificar motivações para os usos dessas construções, considerando fatores que favorecem ou restringem o recurso a uma e à outra. Para fundamentar nossa análise, valemo-nos do aporte teórico-metodológico da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), integrando contribuições da Gramática de Construções, com base em pesquisadores como Haiman (1983), Taylor (1995), Croft (2001), Goldberg (1995, 2003, 2006), Bybee ([2010] 2016), Traugott e Trousdale (2013), entre outros. Metodologicamente, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa com suporte quantitativo. O material de análise é proveniente do Corpus Discurso & Gramática, constituído de textos falados e escritos de informantes de diferentes regiões do Brasil e de níveis de escolaridade distintos.