OS MODOS DE REPRESENTAÇÃO DE LEITURA DO DISCURSO OUTRO NA ESCRITA ACADÊMICA
universidade; escrita acadêmica; representação do discurso outro; heterogeneidade enunciativa.
Esta pesquisa aborda a temática da escrita acadêmica e busca analisar a representação dada às leituras teóricas dos conceitos de Mikhail Bakhtin utilizados por pesquisadores em formação. Propomos as seguintes perguntas: a) quais são os conceitos teóricos recorrentes nas dissertações analisadas? b) de qual maneira encontram-se, linguisticamente, representados os conceitos teóricos na escrita de pesquisadores em formação? e c) como são construídas as representações discursivas de leituras em determinadas comunidades leitoras/acadêmicas. Temos, como objetivo geral, analisar as posições enunciativas assumidas por pesquisadores em formação frente ao dizer de uma teoria; e como objetivos específicos a) descrever o modo como o dizer do outro encontra-se linguisticamente representado na escrita dos pesquisadores em formação e examinar o posicionamento de leitor assumido frente aos teóricos mobilizados e b) analisar o modo como as comunidades leitoras, no contexto da universidade, fazem uso de conceitos teóricos mobilizados na escrita das dissertações. Nosso corpus é composto por dez dissertações de Programas de Pós-Graduação em Letras de uma universidade pública e uma universidade privada, esses trabalhos foram produzidos entre os anos 2000 a 2015. Tomamos, como fundamentação teórica, as reflexões de Santos (1997; 2008) e Chauí (2001; 2014), que pontuam sobre os diversos desafios e crises vivenciadas pela universidade contemporânea, os estudos sobre a heterogeneidade enunciativa e a representação do discurso outro, propostos por Authier-Revuz (1998; 2004) e o conceito de representação cultural apresentado por Chartier (1998; 2010; 2002; 2003). As análises apontam que, na escrita da fundamentação teórica das pesquisas analisadas, a forma de representação de leitura em referência ao discurso outro se constitui pela predominância de citações em discurso relatado, em que o dizer do outro está discursivamente representado pela voz de comentadores do teórico fonte.