Complementos pronominais de P2 em cartas pessoais do Rio Grande do Norte no século XX
Português Brasileiro; pronomes pessoais; P2; complemento verbal; você.
Com base nos pressupostos da Teoria da Variação e Mudança (cf. WEINREICH; LABOV; HERZOG, [1968] 2006; LABOV, [1972] 2008) e da Sociolinguística Histórica (CONDE SILVESTRE, 2007), analisamos 304 (trezentas e quatro) cartas pessoais, escritas ao longo do século XX por brasileiros ilustres e não ilustres nascidos no estado do Rio Grande do Norte (RN). Apresentaremos, nesta tese, uma análise das formas pronominais que competem pela realização da segunda pessoa do singular (P2), na posição de complemento verbal, com o objetivo de identificar quais fatores linguísticos e/ou extralinguísticos influenciam o processo de mudança observado no paradigma pronominal brasileiro, na função de complemento (acusativo, dativo e oblíquo). Em nossa análise, consideraremos alguns prognósticos, apontados por estudos sociolinguísticos realizados nas regiões sul e sudeste do Brasil, em especial os trabalhos de Nunes de Souza (2015), Oliveira (2014), Souza (2014), Lopes et al. (2011), Lopes e Cavalcante (2011), Rumeu (2008), Lopes e Machado (2005), os quais evidenciaram a produtividade das formas pronominais te, lhe, você, o/a, contigo, prep.+ ti, prep.+ você, ø nas funções de acusativo, dativo e oblíquo. Esses estudiosos mostraram um quadro com o crescimento do objeto nulo, bem como das formas preposicionadas para + ti/você, frente a um decréscimo no uso da preposição introdutória ‘a’. Na região nordeste, o tema em tela é um campo quase inexplorado. Considerando os pressupostos teóricos e os prognósticos dos estudos sociolinguísticos anteriores, ao final da nossa pesquisa, pretendemos responder, pelo menos, três questões, quais sejam: (1) quais formas pronominais competem pela realização de (P2) na categoria morfossintática de complemento verbal (nas funções acusativa, dativa e oblíqua), nas cartas pessoais escritas por brasileiros norte-rio-grandenses, no curso do século XX? (2) diante dos padrões empíricos atestados nas cartas do RN, esse fenômeno linguístico aponta para mudança em curso ou para variação estável no curso do século XX? E (3) quais fatores linguísticos e/ou extralinguísticos influenciam o processo de mudança observado no paradigma pronominal brasileiro, na função de complemento (acusativo, dativo e oblíquo)?